Alemanha ( Bremen)A chanceler ruinosa
Uma coluna de Wolfgang Münchau em SPIEGEL ONLINE de 01.12.2011
A oportunidade de uma salvação pagável do euro está desperdiçada – e a culpa é da chanceler federal. Angela Merkel arruinar-nos-á a todos porque agrava a crise com a sua hesitação. Agora só lhe restam duas opções políticas: bancarrota ou ruína.
É a grande ironia do desastre com o euro: a chanceler que se preparou manter o prejuízo finaneiro para a Alemanha dentro de estreitos limites, conseguiu com a sua política de hesitações e de dizer que não, exactamente o contrário. É indiferente o que daqui em adiante acontece: tudo torna-se ruinosamente caro para a Alemanha. Duma maneira ou doutra. ....
.....
A porventura maior catástrofe política-económica de todos os tempos
Porque é provável um colapso em breve? Grandes partes dos mercados financeiros já deixaram de funcionar. O mercado para obrigações do estado já colapsou quase totalmente. Também os bancos encontram-se de novo a soro do BCE. Outra razão é a recessão que se vislumbra.
O mecanismo do colapso é a clássica corrida aos bancos. Nalguns países já se verifica isto. Quem vive na Europa do sul e se informa bem, já retirou o seu dinheiro dos institutos de crédito gregos, espanhóis ou italianos. Uma vez que cada estado responde pelos seus próprios bancos, também não é com pacotes de austeridade que se sai da crise.
Devido à interligação em rede dos mercados financeiros, um colapso do euro afundar-se-ia uma grande parte dos bancos e seguros alemães e franceses. Isto significaria – provavelmente – o enfarte do sistema financeiro internacional. Um fim violento do euro seria porventura a maior catástrofe política-económica de todos os tempos. Então já não contaríamos os custos em milhares de milhões. A unidade padrão então seria o bilião.
A única saída consiste numa cooperação ainda mais estreita
Graças à política de Merkel nos encontramos perante a alternativa política entre bancarrota e ruína. A única saída que nos pouparia ambas as opções, de momento não se encontra à discussão: uma ampla desnacionalização de toda a política económica. De facto, quando se lança obrigações de estado comuns no mercado, então também se deveria europeizar a supervisão bancária – incluindo o seguro dos depósitos e a liquidação em caso de insolvência....
... O problema da nossa união monetária – de facto de cada união monetária – não consiste apenas na inexistente disciplina orçamental. É sobretudo a adaptação económica real. Uma vez que deixa de existir o mecanismo do câmbio, são precisas alternativas. Entre países como a Alemanha e a Áustria isto não constitui nenhum problema. São politica e estruturalmente tão semelhantes que não é preciso grande coordenação. Se for preciso, copia-se a política do vizinho maior. Contudo, quando se força a Finlândia e a Grécia para dentro de uma união monetária, a adaptação carece de organização política. E isto só é possível através de uma ampla transferência de competências de políticas económicas para uma entidade central.
Na cimeira do euro em 9 de Dezembro não haverá nada disso. Ainda não se sabe se Merkel entrará na história como salvadora ou couveira do euro. Duma maneira ou doutra arruinar-nos-á.
Rolf Dalmer