10/11/2011

(A)moral da nossa história: a natureza do contra aliada à resignação

Recordando a sessão com Bagão Félix no Clube de Pensadores, o que me ficou na memória:
Do orador recordo sobretudo a caricatura que fez dos portugueses, através de duas anedotas que, se não me falha a memória, eram assim:

1ª anedota
Estava um navio de passageiros de várias nacionalidades em risco de se afundar e o comandante a tentar convencer os passageiros a saltar para a água. Falou com todos alertando-os de que as probabilidades de sobrevivência eram maiores se saltassem para a água, mas sem qualquer sucesso pois ninguém saltou. Resolveu dividi-los em grupos por nacionalidade adaptando o seu discurso. Disse então a cada grupo:

Aos Ingleses: Saltem para a água porque saltar para a água nesta situação é desportivo e todos saltaram;

Aos Franceses: Saltem para a água porque saltar para a água nesta situação é chique e todos saltaram;

Aos Alemães: Saltem para a água porque saltar para a água nesta situação é a regra e todos saltaram;

Aos Portugueses: Não podem saltar para a água na situação em que estamos e todos saltaram.

2ª anedota
Inglaterra é o país onde tudo é permitido excepto o proibido;
França é o país onde tudo é proibido excepto o permitido;
A União Soviética é o país onde tudo é proibido incluindo o permitido;
Portugal é o país onde tudo é permitido incluindo o proibido.

Do público recordo a intervenção de uma senhora dizendo que quando assistimos a uma conferência, desde que o orador seja bom como era o caso, temos a sensação de que tudo o que ele diz está certo, de que tudo é fácil e saímos da sessão com a certeza de que tudo vai correr bem, mas continua tudo na mesma.

Hipótese para moral destas histórias: Fazemos tudo ao contrário do que devemos e ficamos sempre
com a sensação de que estamos certos


Manuela Vaz Velho