21/10/2011

Porto


A cidade do Porto é muito interessante. Quando algum amigo meu vem visitá-la mostro-lhe a paisagem à beira-rio e à beira-mar, a parte antiga e histórica e a zona moderna da Av. da Boavista. Por fim "apresento-lhe" a Casa da Música, projetada pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas. E, para mostrar o que se faz bem, a Casa do Infante que foi exemplarmente recuperada pelo arquiteto Luís Sousa Guedes, e o que se faz mal - o Edifício Transparente, de Solà-Morales, na zona marítima, construído no âmbito da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura. Nunca por nunca se deve tapar a vista para o mar. É um atentado e agora não sabem o que fazer com ele.Por outro lado o Porto e os portuenses falam demais de Lisboa e dão importância excessiva à capital. Devem fazer como Barcelona que não fala de Madrid, afirma-se e segue o seu caminho ignorando a capital. Temos que nos deixar de lamúrias e queixumes, de outro modo, viveremos sempre com o estigma de ser a segunda cidade do país. E, ser segundo é ser o primeiro dos últimos.Todavia no futebol somos os primeiros e deve-se muito à mais emblemática personalidade da cidade, Jorge Nuno Pinto da Costa. No Porto pode-se mudar tudo e mais alguma coisa: instalações, jogadores, treinadores ou dirigentes mas enquanto Pinto da Costa for o timoneiro, o FC Porto continuará a vencer.Os portuenses são gente com personalidade, mau feitio e com vontade inquebrantável que tem figuras antagónicas como Rui Rio e Pinto da Costa. Mas os extremos por vezes tocam-se (risos). O Porto continua com alguns problemas, a deterioração dos prédios na baixa e a sua desertificação. É preciso incentivos para voltar a viver-se na cidade mas com qualidade de vida. É preciso ter em atenção a sua limpeza e a falta de alegria. É uma cidade triste...No futuro, vejo a baixa a voltar a ser um pólo de atração habitacional, económico e social e, dessa forma acabar o vaivém constante de pessoas a entrar e a sair da cidade. O futuro é ter tudo perto mas com equilíbrio ambiental. Não ter que usar carro.Para mim, o Porto é único, é o Porto.

JJ
texto publicado na revista VIVA