Depois de ter referido - apenas - alguns exemplos do que faz a investigação agronómica para mudar uma agricultura atrasada, e os fabulosos juros que rende, até para o orçamento do estado, quero indicar algo sobre o que considero a segunda alavanca para efectuar essa mudança. Trata-se do serviço do Ministério da Agricultura que tem por missão levar até aos agricultores os conhecimentos de que carecem e muito especialmente os resultados da investigação, de forma a que deles se tire o máximo partido e que não demore o tempo entre a investigação e o seu aproveitamento pela lavoura. Esse serviço tem hoje no mundo o nome de extensão agrícola ou, mais propriamente, extensão rural, pois o seu âmbito abrange todo o sistema rural, ou seja, das zonas onde a actividade principal é a agricultura. O nome teve origem no serviço que, com esse nome, foi criado em 1914 no Ministério da Agricultura dos Estados Unidos.
Trata-se dum serviço independente do de investigação (as características, metodologias e exigências são diferentes) mas que com ele deve ter boa articulação. (Em tempos tive ocasião de presidir à organização do I e do "II Simpósio Nacional sobre a Articulação entre a Investigação e a Extensão na Agricultura", o primeiro na Estação Agronómica Nacional, em Oeiras, em 1997 e o segundo na Universidade de Évora, em 1998).
No Programa do actual governo há algo que me preocupa. Transcrevo:
"O acesso a informação relevante é também uma preocupação central do Governo, que se empenhará em assegurar um apoio técnico, permanentemente disponível e actualizado à produção agrícola a florestal, e a dar uma resposta aos agricultores concentrada e mais próxima, o que passará também por uma transferência gradual de serviços de rotina para as Associações de Agricultores."
Se é óptimo saber que o "Governo se empenhará no apoio técnico", a proposta de transferência "para as Associações de Agricultores" é preocupante. Há aqui o que considero uma certa confusão entre o que deve ser um serviço de extensão rural do Ministério e o que são os serviços técnicos que as associações de agricultores devem ter. O PSD já cometeu esse erro, com as piores consequências, como se viu. Erro que muito contribuiu para o PSD perder as eleições de 1995. Espero que o problema seja reanalisado e seja compreendido o que é e o que rende - até ao orçamento do estado - um bom serviço de extensão rural. No próximo artigo mostrarei esses valores com o único caso que conheço, bem documentado e quantificado.
(Continua)
Miguel Mota
Trata-se dum serviço independente do de investigação (as características, metodologias e exigências são diferentes) mas que com ele deve ter boa articulação. (Em tempos tive ocasião de presidir à organização do I e do "II Simpósio Nacional sobre a Articulação entre a Investigação e a Extensão na Agricultura", o primeiro na Estação Agronómica Nacional, em Oeiras, em 1997 e o segundo na Universidade de Évora, em 1998).
No Programa do actual governo há algo que me preocupa. Transcrevo:
"O acesso a informação relevante é também uma preocupação central do Governo, que se empenhará em assegurar um apoio técnico, permanentemente disponível e actualizado à produção agrícola a florestal, e a dar uma resposta aos agricultores concentrada e mais próxima, o que passará também por uma transferência gradual de serviços de rotina para as Associações de Agricultores."
Se é óptimo saber que o "Governo se empenhará no apoio técnico", a proposta de transferência "para as Associações de Agricultores" é preocupante. Há aqui o que considero uma certa confusão entre o que deve ser um serviço de extensão rural do Ministério e o que são os serviços técnicos que as associações de agricultores devem ter. O PSD já cometeu esse erro, com as piores consequências, como se viu. Erro que muito contribuiu para o PSD perder as eleições de 1995. Espero que o problema seja reanalisado e seja compreendido o que é e o que rende - até ao orçamento do estado - um bom serviço de extensão rural. No próximo artigo mostrarei esses valores com o único caso que conheço, bem documentado e quantificado.
(Continua)
Miguel Mota