09/07/2011

A nova equipa na Agricultura - 1


Depois de vários anos a ser destruída pelos governos - com o máximo de intensidade dessa destruição durante o primeiro governo de Sócrates - a agricultura vê, com o novo governo, o Ministério da Agricultura com uma equipa totalmente nova. Dadas as referências feitas à importância da agricultura durante a campanha eleitoral, pode haver alguma esperança de que o novo governo inverta totalmente a criminosa destruição efectuada até agora e que é em parte responsável pelo estado miserável da nossa economia e das nossas finanças, com o alto défice e a dívida colossal.
Sobre o que vai suceder só poderemos ter uma ideia precisa quando se iniciarem os actos de governação. Para já, apenas temos o que está escrito no Programa do XIX Governo, sobre o qual me permito elaborar alguns considerandos.
Começarei por referir uma frase, aliás anterior ao capítulo dedicado à agricultura, mas que pode ter grande importância para o sector: "Revitalização dos laboratórios do Estado das áreas industriais e agro-industriais".
Está há anos em vigor em Portugal uma lei, não escrita mas religiosamente seguida, que manda destruir toda a investigação científica do estado que não seja das universidades. Só pode ter sido originada por alguns medíocres que também existem e eu, como professor universitário não o posso tolerar, como já o declarei publicamente. Com base nessa lei, muito já se destruiu, sem tal ser declarado, mas com pretextos falsos e mais que hipócritas. Dum escrito publicado em 2003 permito-me transcrever:
"Quando a Laboratórios do Estado, com grande curriculum científico e grandes contribuições para o progresso do País, se reduz o seu pessoal; se lhes cortam os meios de trabalho (chegando ao cúmulo dos cúmulos de suprimir a assinatura de quase todas as revistas científicas!); quando se nomeiam chefias de escassos curricula e capacidades ou que para ali vão para que a instituição não progrida, numa espantosa inversão de valores; quando os ministros e secretários de Estado que os tutelam (de várias cores políticas) ostensivamente fazem por "esquecer" que eles existem; quando se desviam verbas avultadas a eles destinadas, para fazer outros laboratórios a quem se dá tudo e mais alguma coisa e depois se entregam, em comodato, a outro ministério; quando avaliações externas, encomendadas pelos governos denunciam erros (aliás elementares!) e esses mesmo governos, em vez de os corrigirem, os agravam enormemente, será possível "responder a desafios", a que, aliás, antes deste "excelente tratamento" muito bem respondiam? Tais actos de destruição custaram ao País fortunas fabulosas e as consequências são continuarmos a ser um país pobrezinho e na cauda da Europa."
Se aquela frase do Programa do governo significar o fim dessa destruição e o início da sua reconstrução - tão necessária ao futuro do país! - considero que o governo está no caminho certo e poderemos ter esperança de que os sectores afectados, a agricultura e outros, passarão a dar à nossa economia uma muito maior contribuição.
(Continua)


Miguel Mota