06/07/2011

Não me deixem ir... para o buraco!!


Encosto-me, pensativo a uma parede, fria e medonha, que já começa a ficar farta, de eu estar sempre ali.
Os meus pesados suspiros, tornam-se invisíveis há medida, que o imperdoável tempo avança na escada da vida.
Falta-me algo para me encher de felicidade, destreza e ambição. Começo a ficar com a terrível e macabra solidão, que mais cedo ou mais tarde, se irá apoderar de mim e fará com que eu desapareça, para sempre!
A mente e os pensamentos já começaram a afastar-se de mim. As lamúrias, sofrimento e desgostos estão a levar-me, cada vez mais, para um fundo desconhecido e infernal.
Sempre que oiço a tua solene voz, eu, acelero na esperança que me toques e sintas o sofrimento que estou a viver e que não mereço.
Consigo ver o escuro da minha alma. Começa a ser grave a minha dor.
Estou sensível e desprotegido a quaisquer investidas que possam vir a destabilizar, ainda mais, o meu estado de espírito e sensibilidade.
O Passado é maléfico, é ele que me atira para estes acontecimentos todos, para estas agonias que não aguento. O Futuro assusta-me!
Estou quase acabado e sem ninguém a meu lado. Quase ninguém consegue lutar. A tristeza está fragmentada em pequenas partes, mas que são suficientes para não evitar o inevitável.
Vozes de um oásis desconhecido e longínquo chamam por mim.
Não me deixem ir, agarrem-me para sempre e com todas as forças. Eu não quero ir! Porque eu ainda acredito em Portugal!

(É triste perceber que o nosso Portugal chegou a um ponto insustentável, onde muitos prometem e não realizam, e outros que olham e não fazem nada. Chegou a altura de alguém fazer frente e de mudar as opiniões e o sentido que empregamos na sociedade, fazendo valer os direitos que nos pertencem e conseguir regenerar o que parece, de momento, impossível de reerguer. Já dizia o grande escritor inglês W.S "Somos feitos da mesma matéria que os nossos sonhos" e eu acredito, que o meu sonho, que agora é pesadelo, tome o nome que lhe queremos, verdadeiramente, dar, e possamos, finalmente, empregar algo de bem em Portugal)

Rui Fernandes