No meio duns papéis que cá tinha em casa, encontrei, há dias, um texto que eu tinha escrito nos princípios de Dezembro de 2010. Já nem me lembrava dele. Manuscrito, coisa rara em mim, que normalmente escrevo directamente no computador.
Rezava ele assim:
Foi-me aberta a porta de entrada neste Clube de Debate dos Pensamentos de cada um de nós e da actualidade sócio-política nacional e global. Global, digamos mais directamente, pelo que os Povos estão todos, cada vez mais intimamente dependentes uns dos outros. Repare-se que, apesar do nosso tamanho geográfico e da nossa capacidade económica e financeira, sempre que se coloca a possibilidade de entrarmos (nós, portugueses, os Gregos, os Irlandeses e por aí adiante) em colapso, forma-se imediatamente uma onda de choque que se propaga, primeiro a toda a zona Euro, depois invariavelmente, por via da moeda e da teia intrincada em que o Homem se deixou enredar (haveria alternativa?) a todo o Mundo. O inverso também é, e em muito maior escala, verdadeiro, particularmente quando se trata dos Americanos. Aliás, foi na América que se começou a desmoronar o catelo de cartas em que temos andado a viver nesta vida virtual de tão funestos augúrios para o próximo futuro.
Hoje, logo pela manhãzinha, ouvi na rádio, retomar-se , com exagerada convicção (penso eu) que a solução dos nossos problemas vai passar, incontornavelmente, pela acção governativa duma nova AD. Já nem se pensa noutra coisa.
Apregoava-se aos sete ventos:
- A salvação de Portugal está, indubitavelmente, numa nova AD. PSD (mesmo com maioria absoluta) e o CDS de Paulo Portas.
…
Quer dizer, quatro meses depois, a AR em bloco derrubou o Governo minoritário do PS, o Presidente da República achou por bem dissolver a Assembleia da República e antecipar Eleições Legislativas.
O resultado está à vista. Em vez dum Governo de Salvação Nacional, S. Exa. o Presidente da República já indigitou Passos Coelho para liderar um Governo PSD/CDS.
Sorrisos e mais sorrisos para a fotografia.
E Portugal? Que vai ser de nós, com uma oposição militantemente forte e aguerrida, agora também com o PS?
Nós bem sabemos que foi o Governo de Sócrates que assinou (em seu próprio nome e nos do PSD e do PP/CDS) o compromisso com o FMI/BCE/UE para nos portarmos bem, o que significa que vamos ter de pagar aos credores depressa e bem e diminuir a Dívida Pública, ao mesmo tempo. Será que é difícil alcançar que este compromisso no papel, que consiste em linhas gerais de actuação política e económica, vai ser entendido da mesma forma, vírgula por vírgula, pela nova AD e pelo PS? Já para não falar dos restantes partidos da Oposição?
Quem vai convencer os portugueses que mudaram de Governo mas que a sua vida vai piorar e muito drasticamente, nos próximos anos? A dita Aliança Democrática, como se os outros partidos, particularmente o PS não fossem absolutamente imprescindíveis para conseguir mobilizar uma maioria social à volta do desígnio supremo de sairmos da crise profunda em que estamos metidos, em conjunto com toda a Europa?
Veja-se o que se está a passar com a Grécia! No momento em que escrevo estas reflexões, estão a discutir da necessidade de constituírem rapidamente um Governo de Salvação Nacional. Nós não somos Gregos, pois não. Mas somos portugueses e, apesar de sermos todos membros da União Europeia, também fazemos parte dum sector muito específico, a chamada zona periférica da UE.
-
O que nos faz falta é - sejamos realistas - um Governo de Salvação Nacional. Isso sim, um Governo constituído por pessoas de reconhecido mérito, em termos de capacidade técnica, mas também à prova de todas as influências corporativas (partidárias) e do poder económico.
Esse Governo poderia ser formado sob a iniciativa conjunta da AR, do Presidente da República e com a concordância do Conselho de Estado.
Entretanto, o comboio-fantasma já está em marcha!...
António Nunes
Rezava ele assim:
Foi-me aberta a porta de entrada neste Clube de Debate dos Pensamentos de cada um de nós e da actualidade sócio-política nacional e global. Global, digamos mais directamente, pelo que os Povos estão todos, cada vez mais intimamente dependentes uns dos outros. Repare-se que, apesar do nosso tamanho geográfico e da nossa capacidade económica e financeira, sempre que se coloca a possibilidade de entrarmos (nós, portugueses, os Gregos, os Irlandeses e por aí adiante) em colapso, forma-se imediatamente uma onda de choque que se propaga, primeiro a toda a zona Euro, depois invariavelmente, por via da moeda e da teia intrincada em que o Homem se deixou enredar (haveria alternativa?) a todo o Mundo. O inverso também é, e em muito maior escala, verdadeiro, particularmente quando se trata dos Americanos. Aliás, foi na América que se começou a desmoronar o catelo de cartas em que temos andado a viver nesta vida virtual de tão funestos augúrios para o próximo futuro.
Hoje, logo pela manhãzinha, ouvi na rádio, retomar-se , com exagerada convicção (penso eu) que a solução dos nossos problemas vai passar, incontornavelmente, pela acção governativa duma nova AD. Já nem se pensa noutra coisa.
Apregoava-se aos sete ventos:
- A salvação de Portugal está, indubitavelmente, numa nova AD. PSD (mesmo com maioria absoluta) e o CDS de Paulo Portas.
…
Quer dizer, quatro meses depois, a AR em bloco derrubou o Governo minoritário do PS, o Presidente da República achou por bem dissolver a Assembleia da República e antecipar Eleições Legislativas.
O resultado está à vista. Em vez dum Governo de Salvação Nacional, S. Exa. o Presidente da República já indigitou Passos Coelho para liderar um Governo PSD/CDS.
Sorrisos e mais sorrisos para a fotografia.
E Portugal? Que vai ser de nós, com uma oposição militantemente forte e aguerrida, agora também com o PS?
Nós bem sabemos que foi o Governo de Sócrates que assinou (em seu próprio nome e nos do PSD e do PP/CDS) o compromisso com o FMI/BCE/UE para nos portarmos bem, o que significa que vamos ter de pagar aos credores depressa e bem e diminuir a Dívida Pública, ao mesmo tempo. Será que é difícil alcançar que este compromisso no papel, que consiste em linhas gerais de actuação política e económica, vai ser entendido da mesma forma, vírgula por vírgula, pela nova AD e pelo PS? Já para não falar dos restantes partidos da Oposição?
Quem vai convencer os portugueses que mudaram de Governo mas que a sua vida vai piorar e muito drasticamente, nos próximos anos? A dita Aliança Democrática, como se os outros partidos, particularmente o PS não fossem absolutamente imprescindíveis para conseguir mobilizar uma maioria social à volta do desígnio supremo de sairmos da crise profunda em que estamos metidos, em conjunto com toda a Europa?
Veja-se o que se está a passar com a Grécia! No momento em que escrevo estas reflexões, estão a discutir da necessidade de constituírem rapidamente um Governo de Salvação Nacional. Nós não somos Gregos, pois não. Mas somos portugueses e, apesar de sermos todos membros da União Europeia, também fazemos parte dum sector muito específico, a chamada zona periférica da UE.
-
O que nos faz falta é - sejamos realistas - um Governo de Salvação Nacional. Isso sim, um Governo constituído por pessoas de reconhecido mérito, em termos de capacidade técnica, mas também à prova de todas as influências corporativas (partidárias) e do poder económico.
Esse Governo poderia ser formado sob a iniciativa conjunta da AR, do Presidente da República e com a concordância do Conselho de Estado.
Entretanto, o comboio-fantasma já está em marcha!...
António Nunes