11/06/2011

António José vai Seguro


O PS sofreu uma pesada derrota nas últimas eleições penalizado por uma governação que cometeu vários erros de apreciação, liderado por um político providencial, que a si se bastava. Mergulhou o seu partido em banho de anestesia, secando as fontes de pensamento e de liberdade. A sua auto-suficiência e sombra pairaram durante 6 anos por todos os cantos, espalhando o medo, fomentando a intriga, a desconfiança e a incerteza quanto ao futuro.

Passado este pesadelo, o PS tem de se erguer da lama em que está prostrado e para isso vai eleger nova liderança.

Tem mesmo de ser Nova, em todas as latitudes. O perfil do novo líder do PS tem de ser exatamente o oposto de Sócrates. Com efeito, tem de ser uma personalidade não só de convicções, mas, sobretudo de valores tão arredados nos últimos tempos. Tem de ser alguém da maior e inequívoca integridade moral, ética e política. Não pode ser conotado com a anterior direção do partido. De preferência, num mundo mediatizado, tem de ter manter uma boa presença estética, com segurança e bom discurso. Deve saber ouvir e ter postura de estadista.

Francisco Assis tem boas qualidades de tribuno, liderou a sua bancada, mas está conotado com a governação Sócrates, pois foi um capacho do líder. Nunca se opôs às maldades perpetradas aos portugueses em nome de uma racionalização que deu no que deu. Sempre defendeu o governo nos cortes a eito nas regalias sociais, nas pensões dos mais desfavorecidos, que fechasse centros de saúde e de escolas sem analisar todas as consequências e alternativas. Nunca se preocupou com o ataque feroz contra professores, magistrados e funcionários públicos. Foi sempre um porta-voz e ferrenho defensor de Sócrates, ou mesmo a sua voz. Agora arvora-se em socialista.

Dos candidatos que se perfilam, até ao momento, sobra António José Seguro, cuja postura ética e política é sobejamente conhecida. Homem íntegro e defensor da transparência pública. Sabe ouvir e liderar equipas. É uma boa aposta para a renovação do PS, que tanto faz falta à sociedade portuguesa num momento ímpar de dificuldades.

Terá, sendo eleito, a missão de ser o porta-voz de uma oposição responsável, uma vez que restam partidos da esquerda folclórica, que prometem tudo e mais alguma coisa. Os partidos dos direitos adquiridos e dos sem deveres, vão atear fogo social e o PS na oposição terá um papel da maior importância. Para isso precisa de um líder firme e dialogante com postura de estado, que se encaixa em António José Seguro.

Os próximos tempos nos dirão se os militantes socialistas acordaram ou se continuam anestesiados.

Mário Russo

*escrito pelo novo acordo ortográfico