30/05/2011

Eu ou o Caos


A campanha eleitoral tem primado por ser um verdadeiro circo com espetáculos ambulantes por todo o país.
Quem chegasse a Portugal jamais pensaria que este país está em plena fase de resgate financeiro, sem o qual já estaria em bancarrota, não podendo honrar os seus compromissos externos, nem os internos. Nesta altura já não haveria dinheiro para pagar os salários dos funcionários públicos e o próximo subsídio de férias iria para as calendas gregas.

O Circo, como todos, tem de ter os seus palhaços e não são poucos. Sócrates ameaça com o pântano e o caos se não for ele o eleito. Qual Salazar do século XXI. A mentira é a arma mais que usada, de tantas vezes dita que passa a verdade. Quando isso acontece é preciso ter um mínimo de serenidade para não embarcar no conto dos vendedores da banha da cobra.

Hoje sabe-se que o verdadeiro compromisso para que o dinheiro continue a fluir, obriga o governo (qualquer que ele seja) a domar o paquiderme que sorve dinheiro ao erário público. Paquiderme onde repousam os “boys” que os partidos da governação, com maior ou menor grau, alimenta campanha após campanha eleitoral. O tratador do paquiderme é a depredadora máquina partidária.

Não admira que os atuais boys detentores da tachada se empenhem com unhas e dentes, usando as suas máquinas particulares (Institutos, empresas do Estado, etc.) como verdadeiras máquinas de propaganda e contra informação.

Os portugueses estão adormecidos e vão na cantiga para boi dormir. Ainda acreditam na vinda de D. Sebastião ou do Pai Natal. Aceitam como boa que Sócrates diga que vai estudar a maior parte dos dossiers que ele próprio assinou com a tróika, sem ou quais não há “guita”.

Nisto ele é sábio e a oposição ingénua. Ele foge a dizer o que vai cortar, abolir, extinguir, fundir e aumentar de impostos.
Enquanto isso a oposição de esquerda no seu folclore tradicional, não só não aceita emagrecer o paquiderme, como oferece ainda mais benesses, como se estivesse no país das maravilhas. Esquerda que vincou na constituição que o português é um povo só com direitos e sem nenhuma obrigação.

A oposição alternativa continua a esquecer-se de questionar devidamente quem colocou o país na banca rota. Na banca rota, porque se não fosse o resgate de emergência é onde estaríamos, logo, estamos nas mãos da finança de resgate e na antecâmara da banca rota.

Sócrates ao não se comprometer está a ganhar votos dos incautos e esperançosos por um milagre que não virá. Ao dizer candidamente que tem de estudar bem as diversas medidas, está ao mesmo tempo a arranjar uma justificativa para a aplicação de todas as medidas que assinou, com o argumento de que não havia alternativa. Que foi o resultado do tal estudo. Aí está uma farsa de circo. Enganar, sem estar a faltar à verdade. Como pode alguém que nos governa há 6 anos não ter os cenários mais que estudados? Se não tem ainda pior.

Cabe à oposição desmascarar o circo que aí vai. Ao povo português cabe ponderar na sua vida, mas, sobretudo, voltar ao país real, porque o virtual que lhe acenam é o da Alice. Quanto mais tarde o fizer, pior.

Mário Russo


*novo acordo ortográfico