O debate que comemorou o 5º aniversário do Clube dos Pensadores poderá ter sido histórico, pois o convidado de Joaquim Jorge foi Pedro Passos Coelho, provável Primeiro-Ministro de Portugal.
O Clube merecia esta oferta e tudo correu muito bem, com duas salas repletas. JJ convidou PPC há já algum tempo, sem adivinhar que alguns meses depois as circunstâncias o colocariam na calha para aceder à cadeira do poder.
Este simples facto de ter honrado o compromisso, numa altura de agenda mais que preenchida, mostra a estatura ética e moral do candidato, em perfeito contraste com o atual PM. Portugal precisa de mudar de rumo e PPC veio dizer o que pensa sobre a situação do país e recusar que a solução seja apenas a que o PS de Sócrates quer fazer passar.
Não tem medo do desafio e acredita que é possível inverter o estado das coisas e romper com a falta de transparência, com a incompetência e a arrogância. Evidenciou que tem a matéria estudada e salientou que não haverá PEC que valha ao país se não forem criadas condições para que a economia cresça.
Neste particular tem uma boa companhia, pois o Prémio Nobel Paul Krugman disse que o caminho que o governo PS tem tomado é um desastre anunciado. Disse em linhas gerais onde reestruturar a administração e o que fazer para criar condições para a economia funcionar, tornando-se atrativa para os investidores e empreendedores.
Se cumprir com as ideias que veiculou, teremos de volta a esperança, que foi enterrada por Sócrates, e o resgate do sonho de podermos viver melhor, do que a incerteza e medo do futuro que pairam na sociedade portuguesa. Com efeito, se PPC acabar com o chico-espertismo que têm campeado e com a mentira. Se enquadrar o exército de assessores da administração central e local e os gestores das empresas públicas, de modo que tenham as mesmas regalias dos restantes portugueses (acabar com viaturas oficiais), e ganhem em função de reais ganhos de produtividade (um salário base um variável) e não como hoje: mordomias de marajás das Índias, fará um trabalho histórico em prol da pátria.
Pedro Passos Coelho surpreendeu-me pela consistência das ideias e clareza das propostas. Não pode deixar enredar-se nas teias que Sócrates pretende fazer passar, que a crise só veio com o chumbo ao PEC, porque a crise está instalada há mais de 10 anos, agravada nos últimos 5 anos. Há que haver resposta para as obras faraónicas que só trarão mais dívida colossal a Portugal e que Sócrates teima em levar adiante, com o mesmo autismo e arrogância de sempre. E neste aspecto, PPC distancia-se do seu opositor, entre dezenas de outros. Um afundou o país, convicto de que ou ele, ou o caos. Do outro, alguém sereno que tem convicções, mas que assume que não possui a verdade e gosta de ouvir.
Perante um erro prefere assumir e reconhecer, ao contrário de alguém que não assume, cuja culta é sempre dos outros, como demonstrou à saciedade Sócrates. O CdP está de parabéns e em especial Joaquim Jorge que tem alimentado este sonho cívico. As pessoas vão ao debate pelo Clube, que é isto mesmo: um tema, um convidado de honra, um irreverente animador e uma plateia participativa. O Clube é isso. É esse conceito de participação cívica que atrai à “capital da cultura cívica” as pessoas.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico