26/03/2011

Portugal e o Futuro


Tenho ouvido muitos Oráculos Gregos com profecias bombásticas acerca da queda do governo, como se fosse um crime em democracia derrubar um governo. E de facto isso surpreende-me bastante, porque até parece que o país estava em prosperidade e felicidade absoluta.

Mas pior é ouvir ministros vaticinarem uma casa de horrores para o país, ameaçando com o bicho papão (FMI) e, até se lhes transpira a vontade que caia o céu sobre os portugueses como maldição por terem derrubado o governo PS.

Com efeito, Portugal vai continuar a financiar-se com dificuldade e a juros altos, é certo, mas nada que não seja como até aqui. Poderá ser ou não feito um pedido de resgate, dependendo do verdadeiro estado das contas públicas, porque o que este governo tem dito, não tranquiliza ninguém. Não apenas pelas sucessivas previsões erradas que faz, mas pela falta de transparência que aflora e transborda.

Mas pasme-se, o autismo de Sócrates, acompanhado por Assis continuam a campear e secundados pela verborreia dos do costume que amedrontam o povo com bichos papões. Segundo José Lello, “os funcionários públicos que se cuidem porque vem aí os despedimentos em massa, o desemprego, os cortes salariais, o fim dos benefícios sociais, os cortes na saúde e nas pensões…etc. Curiosamente, quando ouvi esta declaração do “elefante em loja de porcelana” pensei que ele estivesse a resumir a governação socialista.

Mas este PSD começa a dar tiros no pé, ou tem PPC que se explicar melhor sobre a questão do aumento do IVA e em que contexto disse, porque pode ser suicida. Há tempos veio com a revisão da constituição a destempo. Agora aparece em parangonas e a ser explorada até à exaustão pela imprensa, as contradições graves sobre esta matéria. Assim, decididamente, não vamos longe.

Ou o PSD é ligeiro a esclarecer o contexto daquela frase “assassina” (aumento do IVA), ou se foi mal interpretado, para desmobilizar o aproveitamento desta “gafe” política sem paralelo no contexto em que estamos.

Passos Coelho precisa de apresentar medidas de curto, médio e longo prazo, mostrando o caminho para Portugal, ou afunda-se num pântano.

Aqui estão algumas perguntas: onde vai cortar nas despesas? Que reforma para a administração pública? Quantos funcionários públicos têm de ter o Estado para cumprir as suas funções? Quantos terão de ser demitidos? Quantos e quais os institutos públicos que desaparecem ou se fundem? Que fará ao estatuto para os gestores públicos?
Que regras para uma contabilidade que evite a criatividade (roubalheira) do costume?
Qual é o seu quadro de reorganização administrativa da nação? Quantos municípios e freguesias se fundem? O que fazer com os governos civis? E as empresas municipais?
Que fará das PPP, verdadeiro “gamanço” do erário público. Que propõe para os setores primário e secundário da nossa economia? O que fará para diminuir a dependência externa em bens alimentares? E a floresta, que plano estratégico propõe?

Queremos respostas claras e transparentes. Não está em causa que serão precisas medidas austeras e duras. Está em causa que sejam válidas para mudar o rumo de Portugal, aplicadas por gente competente e séria, ou seja, credível.

Mário Russo


*novo acordo ortográfico