Joaquim Jorge com novo livro «Blogue Clube dos Pensadores»
'Quem faz algo notório é que é atacado '
Joaquim Jorge lança o livro «Blogue Clube dos Pensadores». Em entrevista, o moderador de debates diz que 'escrever é um exercício',
Como surgiu a ideia para um novo livro? E qual a sua temática?
O primeiro livro foi uma resenha do que se tinha feito até 2009. Agora procuro dar ênfase a uma ferramenta tecnológica que utilizo na divulgação deste clube. O blogue é um dos prolongamentos do clube, sendo uma plataforma cívica de debate para quem o deseja fazer. Faço uma análise do ano político entre setembro de 2009 e junho 2010 e coisas piores.
Onde busca ideias para criar os seus livros? Teve influência de alguém para os escrever?
As ideias vão surgindo. Todos nós somos influenciados, mas procuro fazer coisas originais, não gosto de fotocópias.
Quando escreve inspira-se em alguma coisa em especial?
Para se escrever é necessário ler muito e estar atento ao mundo que nos rodeia. Procuro transmitir a minha opinião por escrito. Escrever é um exercício, nem sempre fácil. Como tenho um blogue, tenho o hábito de escrever todos os dias.
Na sua infância gostava de ler?
Principalmente jornais e revistas. Na altura lia muito o Comércio do Porto e ao domingo à tarde lia o vespertino O Norte Desportivo. Gostava da Time (aperfeiçoar o inglês), L`Áutomobile (sempre gostei de carros e não esquecer o francês) e o El País (um jornal fabuloso). Livros não muito. Estava farto dos livros que era obrigado a ler por obrigação na escola. Os Lusíadas arrasaram-me, tinha que dividir em orações, muito difícil.
O que é para si este novo livro?
É uma extensão do Clube dos Pensadores, especial, meu, em que me projeto, sendo outra forma de me exprimir e comunicar. Em que faço muitas sugestões que poderiam ser aproveitadas por quem nos governa ou dirige instituições públicas. Pode desfolhar-se, ler-se, reler-se e até só pousar na estante.
Quais os autores que mais o cativam?
Tantos! Miguel Esteves Cardoso, Pedro Paixão, Miguel Sousa Tavares, Mia Couto, etc. Gostava e gosto porque releio a análise política corrosiva de José Saramago e aprecio Mário Vargas Llosa muito antes de ser prémio Nobel. Já tenho o livro sobre Nelson Mandela «Retrato Íntimo» e o livro de Felipe Gonzalez «Uma ideia para a Europa». Li o livro dos discursos de Barack Obama. Enfim, muito e variado! Ultimamente interesso-me por ambiente e nutricionismo. Sou capaz de estar a ler dois ou três livros ao mesmo tempo.
Neste mundo em que vivemos tão pouco imune a fenómenos como a inveja, a intriga e o ressentimento acumulados, como reage?
No princípio reagia mal. Não entendia o rancor por algo que se faz por bem. Agora não ligo nenhuma, estou imune. Só quem faz algo notório é que é atacado. Só o que não vale nada é que não desperta reação.
Tem a noção que o que diz é frequentemente incómodo para alguns e polémico para outros?
Não tenho bem essa noção. Mas já que o diz acredito, mas não o faço com essa intenção, digo o que sinto e o que penso, o que seria melhor para a sociedade em geral.
Acha que a sua experiência de vida talvez o tenha ajudado a conhecer bem as reações que é capaz de desencadear?
Claro que sim. A vida dá-nos experiência e maturidade. Eu gosto de desencadear reações. Sou um rebelde e provocador (risos). A indiferença mete-me confusão. Reagir é sinal que existimos.
O que mais o marcou no lançamento do seu primeiro livro? E o que o levou a escrever o segundo?
O interesse das pessoas e ter conseguido juntar uma plateia de gente ilustre que ao longo daquele tempo, até 2009, tinha sido convidada para debates. Foi muito gratificante. E para mim um orgulho ter sido capaz de fazê-lo, gente de direita, esquerda, empresários, deputados, ex-ministros, um ex-primeiro-ministro, etc. Escrever o segundo livro veio no seguimento do primeiro.
Joaquim Jorge. 'A vida dá-nos experiência e maturidade. Gosto de desencadear reações '