A agressividade do discurso de Cavaco Silva será o mote para este segundo mandato. Esta vitória foi na continuidade , os portugueses não são muito de mudanças , apostam na estabilidade.E, o seu capital político e experiência como governante foram determinantes.
A crise económica vai estar no epicentro deste mandato e Cavaco Silva somente no limite dissolve a Assembleia da República, em caso de Portugal necessitar da intervenção da UE ou FMI.
Depois da campanha com troca de galhardetes entre Sócrates e Cavaco Silva , a coabitação vai ser mais difícil do que a actual . As relações entre Cavaco Silva e José Sócrates vão ser tensas e o fantasma da instabilidade estará sempre presente. Mas, para além da economia há o cada vez maior distanciamento entre os cidadãos e a classe política como a grande abstenção demonstra .
Percebe-se agora que Cavaco Silva não queria debates para confrontar ideias e dissenso. O seu discurso foi de um tom agressivo e não perdoa aos seus adversários os argumentos utilizados. Pensei que um Presidente eleito passaria a ser presidente de todos os portugueses! O seu discurso de vingança e ressabiado pelas criticas feitas aos seu mandato e à sua pessoa, Cavaco Silva procurou pairar sempre a cima dos seus oponentes, alegando que eram todos contra ele, não gostou das acusações de negócios e compras irregulares dirigidas contra si.
Contudo nunca se vai livrar do dilema de ora ter sido presidente ora ter sido candidato e vice-versa , tendo tempo de antena ora como candidato ora como presidente.
A coabitação será mais difícil e Cavaco Silva não vai ser só moderador e consensual procurando amortecer as divergências. O seu rancor destilado pelo seu discurso auguram confronto dissimulado e depois aberto.
JJ
