Os números são um instrumento útil e, nalguns casos, indispensável para tomadas de decisão em diversos campos: científico, económico, social, político, profissional, familiar, etc. Vivemos constantemente com números e estatísticas. A sociedade está de tal forma estruturada que damos cada vez mais importância aos números, aos preços, às estatísticas e às quantidades. No entanto, é meu desejo que as pessoas preocupem-se mais com as palavras, os valores, os princípios, o humanismo, a solidariedade e a ética.
A crise económica e social sem fim no Mundo, nomeadamente, em Portugal, levou-me a deixar ao leitor alguns PENSAMENTOS sobre o tema da ética na sociedade.
A palavra ética vem do grego e está relacionada com os costumes e com os princípios que devem orientar a convivência humana. Os direitos e os deveres de cada cidadão, os princípios de responsabilidade, igualdade, solidariedade, cidadania e respeito mútuo. Cada sociedade e cada grupo possuem os seus próprios códigos de ética. Existem códigos de ética para médicos, jornalistas, professores e muitas outras profissões.
Na minha opinião, nenhuma profissão é mais nobre do que a política porque quem a exerce assume responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. Assim deveria ser… A actividade política só se justifica se o actor político tiver espírito republicano. Quero com isto dizer que para além de procurar a conquista do poder, as suas acções devem ser dirigidas para o bem público. E nenhuma profissão é mais importante, penso eu, porque o político, na sua capacidade de tomar decisões, tem uma influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão.
O político deve ser fiel à sua visão do bem público mas não pode ser radical em relação aos fins nem aos meios. Não pode acreditar que detém o monopólio do poder e a verdade absoluta. É aquilo a que vários politólogos chamam de ética da responsabilidade. Mas muitos actores políticos, refiro-me na generalidade e ninguém em particular, não agem de acordo com essa ética. Actuam imoralmente em vez de agirem com idoneidade e integridade no seu exercício. Isto passa-se em todas as actividades profissionais, bem sei, com a existência de oportunistas e desonestos. O Homem não é perfeito!
A ética é muito bonita na teoria. Mas na prática é bem difícil. A consciência ética necessária à vida social, no respeito pelos outros, está em falta nos dias de hoje. A sociedade não se tem preocupado o suficiente com as questões éticas. Para muitas pessoas, pensar a ética, o que ela é e como pode ajudar-nos a viver com mais consciência sobre o que somos, não é uma preocupação diária. Mas deveria ser. Tem que ser.
A palavra ética nunca foi tão falada nos dias de hoje. No entanto, parece-me que a sociedade caminha em sentido contrário. Se ela não for praticada, não tem sentido. Ela tem que estar presente em todas as relações humanas. A questão da corrupção e de todos os problemas morais que convivemos no dia-a-dia estão relacionados com a ética, ou melhor, a falta dela. São problemas decorrentes da falta de reflexão, de debate e de entendimento entre as pessoas, entre as empresas e entre os Estados.
A ética, muitas vezes, serve apenas como desculpa, como pano de fundo para realizar os interesses de um determinado segmento, grupo ou país. A ética devia estar acima dos interesses pessoais de cada um. Na teoria é tudo muito bonito e entre o que se diz e o que se pratica vai uma distância muito grande.
Nesta sociedade globalizada, a importância da ética é fundamental, porque somos cada vez mais pessoas no Mundo e porque as sociedades são cada vez mais complexas. Nunca precisamos tanto da ética quanto hoje. Pensemos nisto…
António José Gonçalves