Mário Crespo e o fecho de ouro no Clube dos Pensadores
Joaquim Jorge conseguiu na noite de ontem fechar o ano de atividades no Clube dos Pensadores com um convidado de peso: Mário Crespo, que dispensa apresentações dada a sua estatura de jornalista de peso no panorama nacional. Ainda assim JJ, à semelhança do que faz sempre no início dos debates, fez uma brilhante apresentação biográfica de Mário Crespo que revela por si só o seu estatuto de grande figura jornalística.
Mário Crespo começou por dizer que a apresentação era lisonjeira e que apenas teve a sorte de estar no lugar certo na hora certa e contou sempre com o apoio familiar, da sua célula mais importante nos momentos cruciais, em especial quando sentiu que não podia defraudar a sua consciência cívica e decidiu entregar um dossier à PGR sobra graves irregularidades no uso de dinheiros públicos por dirigentes da RTP, com as consequências que sabia que adviriam.
Salientou que a indiferença e a resignação são o pior que pode acontecer a uma sociedade e é o que sente estar a acontecer em Portugal.
A ausência de massas críticas é angustiante e tem contribuído para o estado letárgico que o país vive. Com efeito, aceitar com fatalismo o descalabro no sistema da educação não serve os interesses do país. Assistir-se à desagregação da célula familiar é outra das marcas que vivemos e que se sente a resignação. Deu o exemplo do facilitismo e da resignação generalizada, com poucas excepções, da falta de educação e princípios de civismo dos grafiteiros que conspurcam a “polis” diante da passividade de todos.
Relativamente ao sistema político, disse ser protecionista e uma tecnoestrutura que se reproduz para sobreviver e que tende a perpetuar-se no poder.
Salientou o fatalismo acrítico revelador de uma sociedade doente: um orçamento mau, que não serve os interesses do país, mas que tem de ser aprovado e pronto. Culpa toda a tecnoestrutura que domina o país, a começar por Cavaco Silva. Perguntou à plateia se alguém sabia quanto Portugal ia poupar com o orçamento que apresentou, tendo em conta o famigerado Orçamento, porque ele não sabia, nem ninguém sabe, tal a nebulosa e falta de clareza, de um documento feito em cima do joelho (digo eu). Para comparar referiu o caso da Irlanda que plasmou 8 MM de euros de cortes com uma clareza lapidar e sem margem a dúvidas, exatamente o contrário do que acontece com os “gordurosos” e indecifráveis documentos portugueses.
Ainda sobre os nossos políticos chamou a atenção para o aplauso frenético de Sócrates a apoiar o seu colega “socialista” Zapatero na medida que tomou contra os controladores aéreos, com o enquadramento em tribunal militar, retirando as garantias de um estado de direito, que não deslustraria como atitude de um Franco ou Salazar. Recordou Reagan em situação semelhante que apenas despediu 11 mil controladores, com os direitos que tinham e sem ameaças nenhumas (e era um homem de direita).
Mário Crespo foi contundente acerca do comportamento dos políticos que desde a adesão à CEE têm negociado de forma irresponsável o desmantelamento dos setores primários da nossa economia (aceitando cláusulas de salvaguarda… “de quem”?), ao contrário dos restantes países, e deu o s exemplos da PAC, aceitando receber grossa maquia em troca do aniquilamento da agricultura, ou o desfazer da frota pesqueira. Negociatas começadas no tempo de Cavaco como PM, que anuiu ao iniciou da nossa destruição como país produtor e que tem seguimento com Sócrates, que se prepara para aceitar mais dinheiro da UE em troca da redução da produção de leite nos Açores. Apenas dois dos exemplos de como se destrói um país e, ainda assim, não consegue compreender como é que fatalisticamente se dá com aclamação a presidência a uma figura que fez isto e tem alguma responsabilidade em fenómenos como o BPN. É uma anestesia da sociedade que leva a tão elevado grau de fatalismo e resignação.
Mário Crespo recordou a matriz que Hernâni Lopes mostrou num programa seu do que era preciso fazer para Portugal sair da crise, que não é mais que uma tábua de valores éticos e morais.
JJ perguntou a MC se ele achava que José Sócrates deveria ser demitido, ante o que se vai sabendo. Mário Crespo não perdeu tempo e disse que bastava aplicar a tábua de valores do saudoso Hernâni Lopes e havia uns 7 ou 8 motivos para o enquadrar e demitir.
Um debate vivido com emoção pelas pessoas que encheram a sala e um dos mais emotivos dos muitos bons debates no CdP. Mário Crespo ainda disse que sair da crise exige um líder carismático sério que as pessoas aceitem seguir, independentemente do negativismo que a imprensa nacional (sem imaginação, digo eu) brida diariamente os portugueses, aniquilando ainda mais a sua auto-estima.
Mário Crespo é um jornalista com coragem, sem dúvida, apesar de ele relativizar, mas é verdade. Basta ver a última crónica no JN, entre outras e o que acontece a todos os que afrontam o poder deste PS de Sócrates, dando o exemplo da pequena emrpesa de consultoria de Medina Carreira que trabalhava para algumas empresas públicas, que deixou de trabalhar, apenas por ser uma voz avisada e incómoda. É esta a liberdade “camuflada” que se vive e não é de admirar que Paulo Rangel tivesse falado, e bem, da claustrofobia democrática, no Parlamento, ante a “alergia” manifestada pela Nomemklatura.
JJ fechou o ano com chave de ouro, porque Mário Crespo representa bem o espírito de independência que é a marca do CdP.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico
Joaquim Jorge conseguiu na noite de ontem fechar o ano de atividades no Clube dos Pensadores com um convidado de peso: Mário Crespo, que dispensa apresentações dada a sua estatura de jornalista de peso no panorama nacional. Ainda assim JJ, à semelhança do que faz sempre no início dos debates, fez uma brilhante apresentação biográfica de Mário Crespo que revela por si só o seu estatuto de grande figura jornalística.
Mário Crespo começou por dizer que a apresentação era lisonjeira e que apenas teve a sorte de estar no lugar certo na hora certa e contou sempre com o apoio familiar, da sua célula mais importante nos momentos cruciais, em especial quando sentiu que não podia defraudar a sua consciência cívica e decidiu entregar um dossier à PGR sobra graves irregularidades no uso de dinheiros públicos por dirigentes da RTP, com as consequências que sabia que adviriam.
Salientou que a indiferença e a resignação são o pior que pode acontecer a uma sociedade e é o que sente estar a acontecer em Portugal.
A ausência de massas críticas é angustiante e tem contribuído para o estado letárgico que o país vive. Com efeito, aceitar com fatalismo o descalabro no sistema da educação não serve os interesses do país. Assistir-se à desagregação da célula familiar é outra das marcas que vivemos e que se sente a resignação. Deu o exemplo do facilitismo e da resignação generalizada, com poucas excepções, da falta de educação e princípios de civismo dos grafiteiros que conspurcam a “polis” diante da passividade de todos.
Relativamente ao sistema político, disse ser protecionista e uma tecnoestrutura que se reproduz para sobreviver e que tende a perpetuar-se no poder.
Salientou o fatalismo acrítico revelador de uma sociedade doente: um orçamento mau, que não serve os interesses do país, mas que tem de ser aprovado e pronto. Culpa toda a tecnoestrutura que domina o país, a começar por Cavaco Silva. Perguntou à plateia se alguém sabia quanto Portugal ia poupar com o orçamento que apresentou, tendo em conta o famigerado Orçamento, porque ele não sabia, nem ninguém sabe, tal a nebulosa e falta de clareza, de um documento feito em cima do joelho (digo eu). Para comparar referiu o caso da Irlanda que plasmou 8 MM de euros de cortes com uma clareza lapidar e sem margem a dúvidas, exatamente o contrário do que acontece com os “gordurosos” e indecifráveis documentos portugueses.
Ainda sobre os nossos políticos chamou a atenção para o aplauso frenético de Sócrates a apoiar o seu colega “socialista” Zapatero na medida que tomou contra os controladores aéreos, com o enquadramento em tribunal militar, retirando as garantias de um estado de direito, que não deslustraria como atitude de um Franco ou Salazar. Recordou Reagan em situação semelhante que apenas despediu 11 mil controladores, com os direitos que tinham e sem ameaças nenhumas (e era um homem de direita).
Mário Crespo foi contundente acerca do comportamento dos políticos que desde a adesão à CEE têm negociado de forma irresponsável o desmantelamento dos setores primários da nossa economia (aceitando cláusulas de salvaguarda… “de quem”?), ao contrário dos restantes países, e deu o s exemplos da PAC, aceitando receber grossa maquia em troca do aniquilamento da agricultura, ou o desfazer da frota pesqueira. Negociatas começadas no tempo de Cavaco como PM, que anuiu ao iniciou da nossa destruição como país produtor e que tem seguimento com Sócrates, que se prepara para aceitar mais dinheiro da UE em troca da redução da produção de leite nos Açores. Apenas dois dos exemplos de como se destrói um país e, ainda assim, não consegue compreender como é que fatalisticamente se dá com aclamação a presidência a uma figura que fez isto e tem alguma responsabilidade em fenómenos como o BPN. É uma anestesia da sociedade que leva a tão elevado grau de fatalismo e resignação.
Mário Crespo recordou a matriz que Hernâni Lopes mostrou num programa seu do que era preciso fazer para Portugal sair da crise, que não é mais que uma tábua de valores éticos e morais.
JJ perguntou a MC se ele achava que José Sócrates deveria ser demitido, ante o que se vai sabendo. Mário Crespo não perdeu tempo e disse que bastava aplicar a tábua de valores do saudoso Hernâni Lopes e havia uns 7 ou 8 motivos para o enquadrar e demitir.
Um debate vivido com emoção pelas pessoas que encheram a sala e um dos mais emotivos dos muitos bons debates no CdP. Mário Crespo ainda disse que sair da crise exige um líder carismático sério que as pessoas aceitem seguir, independentemente do negativismo que a imprensa nacional (sem imaginação, digo eu) brida diariamente os portugueses, aniquilando ainda mais a sua auto-estima.
Mário Crespo é um jornalista com coragem, sem dúvida, apesar de ele relativizar, mas é verdade. Basta ver a última crónica no JN, entre outras e o que acontece a todos os que afrontam o poder deste PS de Sócrates, dando o exemplo da pequena emrpesa de consultoria de Medina Carreira que trabalhava para algumas empresas públicas, que deixou de trabalhar, apenas por ser uma voz avisada e incómoda. É esta a liberdade “camuflada” que se vive e não é de admirar que Paulo Rangel tivesse falado, e bem, da claustrofobia democrática, no Parlamento, ante a “alergia” manifestada pela Nomemklatura.
JJ fechou o ano com chave de ouro, porque Mário Crespo representa bem o espírito de independência que é a marca do CdP.
Mário Russo
*novo acordo ortográfico