Francisco Lopes garante que não “engole sapos”
Joaquim Jorge convidou o candidato do PC para o debate do ciclo da Republica, ficando apenas a faltar um dos cinco candidatos à Presidência, justamente o atual PR, Cavaco Silva.
Para muitos este debate constituía um enorme risco para JJ e o CdP, em dia de Prós-e-Contras na RTP e pelo facto do candidato ser de um partido que ainda é estigmatizado em certos setores da sociedade portuguesa.
No entanto, foi um sucesso pela afluência registada na sala, à pinha. JJ começou por felicitar o candidato e traçou o seu perfil biográfico resumido, enaltecendo a sua subida a pulso no partido e na vida nacional.
Francisco Lopes é afável e comunicativo, de discurso fácil, perfeitamente sintonizado com o do seu partido. Disse que é candidato por opção própria e que o facto de ser apoiado pelo PC não deslustra nada, mas engrandece a candidatura. Preparou bem o debate, estruturado num diagnóstico da vida política portuguesa após o 25 de Abril e denunciando as políticas que levaram ao desmantelamento dos meios de produção e o aniquilamento da produção nacional e entrega da riqueza nacional aos grupos económicos poderosos, que conduziram ao atual estado em que se encontra o país.
Salientou o desemprego galopante como fruto da estratégia que os partidos do poder que se vão alternando (sem ser alternativas reais) têm conduzido o país para o abismo. Partidos que estão a digladiar-se pela aprovação de um orçamento que não serve ao povo português.
Também lembrou a emigração de jovens licenciados que não têm vez no seu país, depauperando mais ainda o país que investiu na sua formação. Denunciou a pouca vergonha que se tem verificado nas PPP, cujos lucros são privados, mas prejuízos nacionalizados e no abuso que os partidos do poder têm feito na distribuição de lugares em empresas públicas com salários astronómicos (escandalosos), numa dança que só muda de siglas, mas cujos atores são sempre os mesmos. Referiu a postura dos militantes do seu partido no exercício de funções públicas, afirmando que será essa a que norteará a sua conduta.
Criticou o governo ter “jogado fora, digo eu” dinheiro no BPN e BPP e no entanto retirou apoios sociais e cortou salários de trabalhadores. Ou seja, para os ricos há dinheiro, mas para os trabalhadores a espada.
Também se insurgiu pelo facto dos Estados Membros não se poderem financiar no BCE, que no entanto sustenta a banca privada, emprestando a 1% de juros, que depois empresta aos Estados a juros de 6 e 7%. Só pode ser concertação do spoderosos.
Francisco Lopes promete uma rotura e mudança. Não o preocupa a elevada percentagem de Cavaco nas sondagens, porque o discurso tem de ser de denúncia e de verdade, para que os portugueses mudem.
JJ fez várias perguntas ao convidado, designadamente o valor das greves, a forma antiquada de atuação dos sindicatos, se as forças de segurança podem fazer greves e se Francisco Lopes fosse PR demitiria o atual governo, de que tanto mal diz?
O convidado não se escusou a responder a estas e às perguntas da plateia, muito animada. O discurso é alinhado ao do PC, como era previsto, mas o diagnóstico bastante correto, porém próprio para o estabelecimento de um programa de governo e não programa para a PR. Resta saber se de facto FL vai até ao fim, como disse e salientou no final, Rui Sá, ou se mais uma vez, para evitar a vitória à primeira volta de Cavaco, não “engole sapos” e vota em Manuel Alegre, candidato do PS (que o não apoia no terreno).
Para mim foi uma surpresa total este debate, seja pela performance do convidado, candidato à PR, quer pelo número de pessoas que se interessou pelo debate, que na verdade está a caucionar a qualidade dos debates organizados pelo CdP, uma marca de qualidade na vida pública nacional, um case-study de ciência política e de cidadania.
Mário Russo
Para muitos este debate constituía um enorme risco para JJ e o CdP, em dia de Prós-e-Contras na RTP e pelo facto do candidato ser de um partido que ainda é estigmatizado em certos setores da sociedade portuguesa.
No entanto, foi um sucesso pela afluência registada na sala, à pinha. JJ começou por felicitar o candidato e traçou o seu perfil biográfico resumido, enaltecendo a sua subida a pulso no partido e na vida nacional.
Francisco Lopes é afável e comunicativo, de discurso fácil, perfeitamente sintonizado com o do seu partido. Disse que é candidato por opção própria e que o facto de ser apoiado pelo PC não deslustra nada, mas engrandece a candidatura. Preparou bem o debate, estruturado num diagnóstico da vida política portuguesa após o 25 de Abril e denunciando as políticas que levaram ao desmantelamento dos meios de produção e o aniquilamento da produção nacional e entrega da riqueza nacional aos grupos económicos poderosos, que conduziram ao atual estado em que se encontra o país.
Salientou o desemprego galopante como fruto da estratégia que os partidos do poder que se vão alternando (sem ser alternativas reais) têm conduzido o país para o abismo. Partidos que estão a digladiar-se pela aprovação de um orçamento que não serve ao povo português.
Também lembrou a emigração de jovens licenciados que não têm vez no seu país, depauperando mais ainda o país que investiu na sua formação. Denunciou a pouca vergonha que se tem verificado nas PPP, cujos lucros são privados, mas prejuízos nacionalizados e no abuso que os partidos do poder têm feito na distribuição de lugares em empresas públicas com salários astronómicos (escandalosos), numa dança que só muda de siglas, mas cujos atores são sempre os mesmos. Referiu a postura dos militantes do seu partido no exercício de funções públicas, afirmando que será essa a que norteará a sua conduta.
Criticou o governo ter “jogado fora, digo eu” dinheiro no BPN e BPP e no entanto retirou apoios sociais e cortou salários de trabalhadores. Ou seja, para os ricos há dinheiro, mas para os trabalhadores a espada.
Também se insurgiu pelo facto dos Estados Membros não se poderem financiar no BCE, que no entanto sustenta a banca privada, emprestando a 1% de juros, que depois empresta aos Estados a juros de 6 e 7%. Só pode ser concertação do spoderosos.
Francisco Lopes promete uma rotura e mudança. Não o preocupa a elevada percentagem de Cavaco nas sondagens, porque o discurso tem de ser de denúncia e de verdade, para que os portugueses mudem.
JJ fez várias perguntas ao convidado, designadamente o valor das greves, a forma antiquada de atuação dos sindicatos, se as forças de segurança podem fazer greves e se Francisco Lopes fosse PR demitiria o atual governo, de que tanto mal diz?
O convidado não se escusou a responder a estas e às perguntas da plateia, muito animada. O discurso é alinhado ao do PC, como era previsto, mas o diagnóstico bastante correto, porém próprio para o estabelecimento de um programa de governo e não programa para a PR. Resta saber se de facto FL vai até ao fim, como disse e salientou no final, Rui Sá, ou se mais uma vez, para evitar a vitória à primeira volta de Cavaco, não “engole sapos” e vota em Manuel Alegre, candidato do PS (que o não apoia no terreno).
Para mim foi uma surpresa total este debate, seja pela performance do convidado, candidato à PR, quer pelo número de pessoas que se interessou pelo debate, que na verdade está a caucionar a qualidade dos debates organizados pelo CdP, uma marca de qualidade na vida pública nacional, um case-study de ciência política e de cidadania.
Mário Russo
texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico