Defensor Moura contra o “tem de ser”, avança para a Presidência da Republica no CdP
Defensor Moura é um homem de convicções e de desafios. Joaquim Jorge convidou-o a dissertar sobre a sua candidatura à Presidência da Republica e iniciou o debate, como sempre, agradecendo à imprensa e às pessoas que responderam ao convite para o debate. Sala cheia, mais uma vez, para ouvir e participar activamente na discussão dos temas propostos.
Começou por fazer uma competente síntese biográfica do candidato, que foi Chefe da Torre de Controlo do Aeroporto de Luanda, ainda muito jovem. Tirou o curso de Medicina e Cirurgia como trabalhador estudante, tendo-se especializado em medicina interna no Hospital S. João do Porto. Presidente da autarquia vianense por 16 anos, transformou a cidade.
Defensor Moura disse que os candidatos às presidenciais apresentam-se a eleições, mas discutem o programa como se fossem governo, o que não corresponde à verdade, porque o “programa eleitoral de um candidato à Presidência da República é a constituição”. Para este Médico, não faz sentido com a maturidade que cada um tem fazer promessas que não possa cumprir e por isso, os candidatos valem pelo que foram, fizeram, onde fizeram e como o fizeram, para que o povo saiba com quem contar em Belém. A alta magistratura depende da forma como cada um interpreta a mesma constituição. Assim foi com todos os anteriores presidentes, que condicionaram a sua actuação no 1º mandato, gerindo mais a recandidatura do que olhando para os interesses da nação.
Candidata-se contra a resignação e o “tem de ser”. Enumerou os candidatos que têm rejeição de parcelas significativas dos partidos que os apoiam, mas não tendo alternativas, apoiam porque “tem de ser”. Indigna-o a falta de valores e a quebra de promessas, como as SCUT. Não se resigna ao excessivo centralismo e pretende que um preceito constitucional se cumpra – a Regionalização – pois a sua falta tem conduzido à assimetria e asfixia do país. Mas é contra todo o tipo de centralismo e clientelismo que se possa criar nas regiões.
Joaquim Jorge perguntou ao convidado o que ele pensa de Pedro Passos Coelho, ao que Defensor Moura disse ser um produto do aparelho partidário e um líder que apostou todos os trunfos na “primeira jogada” e está agora refém da sua estratégia e sem trunfos para jogar. Salientou que não tem experiência pública. JJ também foi acutilante ao perguntar se DM fosse Cavaco demitiria o Governo perante os casos que têm sido noticiados. Defensor Moura disse que dissolveria a AR, caindo o governo, caso houvesse falta de condições para o regular funcionamento das instituições, como é o caso, em que aparecem coligações negativas que não dão margem de governabilidade e que o país não suporta nesta conjuntura de crise.
Na plateia estavam figuras de topo da política nacional, como Nuno Cardoso que congratulou-se pela iniciativa do CdP e de Joaquim Jorge ao fazer cidadania activa. Elogiou a coragem de Defensor Moura em arrojar-se neste combate, sem o apoio do aparelho partidário. Disse que, ao contrário de DM, não acredita na regeneração dos partidos por dentro.
Paulo Morais perguntou se era legítima a chantagem que está a ser feita sobre as bancadas parlamentares da oposição na AR para aprovação do OE a qualquer custo, e se isto não seria o não funcionamento regular das instituições.
Defensor Moura insurgiu-se contra a discussão política nas TVs e na praça pública, que configura o grau zero da participação e responsabilização política.
Carlos Brito, ex-ministro de Cavaco, salientou a sua amizade com o actual PR e perguntou a DM o que pensava sobre os círculos uninominais e que relação pode ser estabelecida entre o actual modelo de desenvolvimento e a revisão constitucional.
Defensor Moura é a favor dos círculos e das candidaturas independentes, pois fará com que os partidos escolham melhor os seus candidatos e que o desenvolvimento está atrelado ao da Europa e bem complexo dissociar-se. A Europa está diante de um desafio de competitividade económica com países que não respeitam as regras sociais e ambientais e a Europa tem de saber defender-se.
Já Pedro Froufe congratulou-se pela espontaneidade do candidato, que foi surpresa e pelo facto da Regionalização ter palco nestas eleições pela voz do candidato, apesar do momento financeiro de crise, que afasta este tipo de discussões. Joaquim Jorge aproveitou para perguntar se DM achava normal que Marcelo Rebelo de Sousa tivesse dito num programa de TV que Cavaco apresentaria a candidatura a 26 de Outubro e das pressões sub-reptícias para que o OE seja viabilizado por PPC. Defensor Moura disse não concordar, mas é da natureza de Marcelo esse ímpeto.
Diversas perguntas foram feitas pela plateia, a que Defensor Moura foi dando a sua visão, dentro do que se expôs. Mais um debate que encheu as medidas, como diz o povo, e que foi do agrado da maioria das pessoas, a julgar pelos comentários que ouvi no fim do evento. Parabéns a Joaquim Jorge que nos brindou com mais uma excelente realização cívica, que já está na galeria das tertúlias de qualidade a nível nacional.
Mário Russo