12/09/2010

POEMA

A CURVA

Alguém tem de aparecer naquela curva
mesmo que se não saiba o que é depois
se a estrada larga ou morte ou água turva
se solidão ou um ser já dois.


A vida toda em sonho a esperar sempre
naquela curva não importa quem
alguém que diga o quê e saia ou entre
ainda que depois não mais ninguém.


Alguém há-de aparecer alguém que aponte
quem sabe se um aquém ou se um além
ou nada mais senão o horizonte
daquela curva onde se espera alguém


Lisboa, 19-6-2006
Manuel Alegre
In «Doze Naus»


O autor como que está, premonitoriamente, a lançar um desafio aos Portugueses:

Não posso prometer o Éden,
mas sempre vos quero dizer
que tudo farei
para que possamos atravessar a ponte
que terá de mostrar o caminho da esperança...

António Nunes