Manuel Alegre é um daqueles portugueses que não precisa de apresentações, mas Joaquim Jorge presenteou os participantes no debate com uma aula de história, revelando dados históricos interessantes deste candidato à presidência da Republica, pela segunda vez consecutiva, depois de na primeira ter surpreendido tudo e todos e quase ter forçado Cavaco à segunda volta e infringido uma derrota clamorosa a Mário Soares apoiado pelo partido de ambos, o PS.
O nosso poeta Maior, simpático e em grande forma, é um aristocrata de famílias com veia revolucionária e inconformada com o infortúnio do país e um desportista de eleição, campeão nacional de natação, que já dá braçadas largas para a Presidência da Republica com a sua palavra e o mesmo tom de sempre, de inconformismo, mesmo contra o seu partido de sempre, se for preciso, e o seu estatuto de reserva moral da nação.
Candidata-se em nome de uma plataforma cívica e porque valores mais altos o chamaram a inquietar-se, a ele que até poderia ir descansar. Porém ouvir jovens dizer que são da geração “nem-nem”: nem emprego, nem esperança no futuro, calaram fundo neste poeta que sabe interpretar a alma de um povo, como ninguém.
Alegre começou por estabelecer as diferenças entre alguns tipos de presidência (França e Áustria) e o nosso, cujos poderes estão consagrados na constituição, mas também com uma forma de exercício decorrente da praxis ditada pelo exercício dos vários presidentes anteriores, que interpretaram tais poderes e moldaram de certa forma a magistratura do PR.
Não teve dúvida em reafirmar que, apesar de ser apoiado por 2 partidos com assento parlamentar, ao contrário da eleição passada, não é refém de ninguém, nem negociou nada seja com quem for. Falará sempre mais alto a sua profunda fé na liberdade, e na ética republicana.
Alegre não é economista, como referiu, e talvez seja uma vantagem. Deu o exemplo do Brasil, onde um presidente, que não é economista, tirou da miséria mais de 23 milhões de brasileiros com programas sociais e, ao contrário do propalado pelas vozes da austeridade e de pressão internacionais, alavancou a economia. De facto, um economista, especialista em finanças, como Cavaco, tem uma grande tentação em ser o farol do executivo, ou guiar esse executivo, ou um super PM, que não é nada bom para a governação, confundindo os papeis e enfraquecendo o poder moderador e de árbitro.
Revelou grande conhecimento da origem dos males que atormentam o país, não negando os défices na educação, na justiça e estruturais, mas também na pressão especulativa de mercados financeiros sem ética, que depois de terem sido socorridos pelos Estados, viram-se vorazmente para recuperar a qualquer custo os seus chorudos lucros. Referiu que as receitas que aportam, sob a capa de “únicas soluções”, é a mesma que levou à crise que se vive.
Defende o rigor das contas, mas estabeleceu clara distinção entre rigor e austeridade. Se for Presidente, não terá a menor dúvida em vetar toda e qualquer lei que ponha em causa o estado social, o serviço nacional de saúde, a educação pública e derrubará a AR, caso constate que o regular funcionamento das instituições está em causa, mesmo que seja o seu partido. Criticou o projecto de revisão do PSD, que colocará um fim ao estado social que todos pretendem defender.
Não vetará uma lei e depois a desvaloriza, como fez Cavaco. Será um árbitro, um garante do bom funcionamento das instituições, mas não ficará calado, nem administrará silêncios, nem alimentará tabus.
Sobre a educação mostrou-se chocado com o facilitismo em que se tem transformado e pugnará pelo ensino com disciplina, rigor e qualidade, para que o desígnio da qualificação dos portugueses possa concretizar-se. Criticou a falta de fluência na língua materna porque os alunos já não lêem os clássicos. Com ele, certamente Camões, Antero, Eça, Camilo, Garret, voltarão a ser referências na aprendizagem.
Manuel Alegre defendeu o peso que a língua, a cultura e a nossa história têm na globalização, fazendo parte do capital que levará Portugal, um país pequeno, a ter um papel Global (como no passado), com reflexos na economia, olhando para o Brasil, Angola e países de expressão portuguesa com uma visão estratégica e não só estes, como em todos em que Portugal esteve primeiro e tem uma palavra a dizer.
Em resposta a uma questão da plateia, referiu que o problema da crescente dívida se resolve com uma economia a crescer, com rigor nas contas públicas, e não na austeridade que vem no receituário dos arautos da desgraça. Lembrou que Obama, nos EUA, está muito mais avançado que a Europa, deitada e enfeitiçada, digo eu, nos braços do capital sem rosto nem ética que nos levará ao calvário com suas receitas venenosas.
Como Presidente, Portugal ganhará um moderador, um árbitro imparcial, uma voz incómoda aos poderes de Bruxelas e a serviço do grande capital financeiro mundial. Uma voz inconformada com o ataque que está a ser perpetrado contra o estado social que conhecemos.
Uma noite que poderia terminar de dia, tal a fluência da palavra e a força certeira com que Alegre nos brindou. Joaquim Jorge só pode estar satisfeito, e de parabéns, pela presença deste candidato à presidência do país no Clube dos Pensadores.
Mário Russo
O nosso poeta Maior, simpático e em grande forma, é um aristocrata de famílias com veia revolucionária e inconformada com o infortúnio do país e um desportista de eleição, campeão nacional de natação, que já dá braçadas largas para a Presidência da Republica com a sua palavra e o mesmo tom de sempre, de inconformismo, mesmo contra o seu partido de sempre, se for preciso, e o seu estatuto de reserva moral da nação.
Candidata-se em nome de uma plataforma cívica e porque valores mais altos o chamaram a inquietar-se, a ele que até poderia ir descansar. Porém ouvir jovens dizer que são da geração “nem-nem”: nem emprego, nem esperança no futuro, calaram fundo neste poeta que sabe interpretar a alma de um povo, como ninguém.
Alegre começou por estabelecer as diferenças entre alguns tipos de presidência (França e Áustria) e o nosso, cujos poderes estão consagrados na constituição, mas também com uma forma de exercício decorrente da praxis ditada pelo exercício dos vários presidentes anteriores, que interpretaram tais poderes e moldaram de certa forma a magistratura do PR.
Não teve dúvida em reafirmar que, apesar de ser apoiado por 2 partidos com assento parlamentar, ao contrário da eleição passada, não é refém de ninguém, nem negociou nada seja com quem for. Falará sempre mais alto a sua profunda fé na liberdade, e na ética republicana.
Alegre não é economista, como referiu, e talvez seja uma vantagem. Deu o exemplo do Brasil, onde um presidente, que não é economista, tirou da miséria mais de 23 milhões de brasileiros com programas sociais e, ao contrário do propalado pelas vozes da austeridade e de pressão internacionais, alavancou a economia. De facto, um economista, especialista em finanças, como Cavaco, tem uma grande tentação em ser o farol do executivo, ou guiar esse executivo, ou um super PM, que não é nada bom para a governação, confundindo os papeis e enfraquecendo o poder moderador e de árbitro.
Revelou grande conhecimento da origem dos males que atormentam o país, não negando os défices na educação, na justiça e estruturais, mas também na pressão especulativa de mercados financeiros sem ética, que depois de terem sido socorridos pelos Estados, viram-se vorazmente para recuperar a qualquer custo os seus chorudos lucros. Referiu que as receitas que aportam, sob a capa de “únicas soluções”, é a mesma que levou à crise que se vive.
Defende o rigor das contas, mas estabeleceu clara distinção entre rigor e austeridade. Se for Presidente, não terá a menor dúvida em vetar toda e qualquer lei que ponha em causa o estado social, o serviço nacional de saúde, a educação pública e derrubará a AR, caso constate que o regular funcionamento das instituições está em causa, mesmo que seja o seu partido. Criticou o projecto de revisão do PSD, que colocará um fim ao estado social que todos pretendem defender.
Não vetará uma lei e depois a desvaloriza, como fez Cavaco. Será um árbitro, um garante do bom funcionamento das instituições, mas não ficará calado, nem administrará silêncios, nem alimentará tabus.
Sobre a educação mostrou-se chocado com o facilitismo em que se tem transformado e pugnará pelo ensino com disciplina, rigor e qualidade, para que o desígnio da qualificação dos portugueses possa concretizar-se. Criticou a falta de fluência na língua materna porque os alunos já não lêem os clássicos. Com ele, certamente Camões, Antero, Eça, Camilo, Garret, voltarão a ser referências na aprendizagem.
Manuel Alegre defendeu o peso que a língua, a cultura e a nossa história têm na globalização, fazendo parte do capital que levará Portugal, um país pequeno, a ter um papel Global (como no passado), com reflexos na economia, olhando para o Brasil, Angola e países de expressão portuguesa com uma visão estratégica e não só estes, como em todos em que Portugal esteve primeiro e tem uma palavra a dizer.
Em resposta a uma questão da plateia, referiu que o problema da crescente dívida se resolve com uma economia a crescer, com rigor nas contas públicas, e não na austeridade que vem no receituário dos arautos da desgraça. Lembrou que Obama, nos EUA, está muito mais avançado que a Europa, deitada e enfeitiçada, digo eu, nos braços do capital sem rosto nem ética que nos levará ao calvário com suas receitas venenosas.
Como Presidente, Portugal ganhará um moderador, um árbitro imparcial, uma voz incómoda aos poderes de Bruxelas e a serviço do grande capital financeiro mundial. Uma voz inconformada com o ataque que está a ser perpetrado contra o estado social que conhecemos.
Uma noite que poderia terminar de dia, tal a fluência da palavra e a força certeira com que Alegre nos brindou. Joaquim Jorge só pode estar satisfeito, e de parabéns, pela presença deste candidato à presidência do país no Clube dos Pensadores.
Mário Russo