Joaquim Jorge antecipa nova «temporada» de O Clube dos Pensadores
Manuel Alegre é o convidado deste mês
A nova temporada de O Clube dos Pensadores arranca este mês com Manuel Alegre, anuncia Joaquim Jorge, a O PRIMEIRO DE JANEIRO.
Após um curto período de férias, o Clube dos Pensadores regressa este mês com Manuel Alegre, candidato a Belém, como primeira figura de destaque.
O Clube dos Pensadores (CdP) esteve de férias. Como reagiram as pessoas a esta ausência?
Sempre a ligarem a perguntar quando recomeçavam os debates e quem iria ser convidado. Parece uma droga no bom sentido. As pessoas sentem a necessidade de terem estes momentos de convívio e de intervenção.
O que pensa da palavra vocação? Para tudo na vida é preciso vocação?
Vocação é ser um predestinado para alguma coisa. Se se está a referir à criação do CdP, dir-lhe-ei que dou um jeito e tenho alguma inclinação para fazer debates, mas com muito trabalho e prévia preparação. Não sou nenhum supra-sumo. Durante o meu percurso de vida fui assimilando competências que me levaram a enveredar por este tipo de intervenção cívica.
Como reage ao facto de tentarem difamá-lo, a si e ao CdP?
É sinal da importância do tandem Joaquim Jorge e CdP. Existe, faz-se ouvir e é inovador. Só se reage ao que é bom. Uns bem, outros mal. Quanto há pesporrência de alguns, faz-me lembrar uma frase de Karl Krauss: «Quando o Sol da cultura se encontra no ocaso, até os anões lançam sombra».
Como reagem certas pessoas ao sucesso do CdP?
Mal. Mas isso faz parte do ser muito especial que é o cidadão português, vive mal com o êxito alheio. A grande maioria reage bem e sempre a incentivar, com muita alegria e admiração.
Já pensou alguma vez desistir ?
Já, muitas vezes, mas de repente parece que me dá um «clique» e aí estou de novo pronto a recomeçar e a provar.
Acha-se uma pessoa com temperamento difícil?
Não sei, depende da perspetiva. Hipócrita não sou, detesto pessoas fingidas. Se tiver que dizer não, digo, sem problemas. Primeiro está a minha dignidade, caráter e princípios. Se isso é ter mau feitio e temperamento difícil, assim seja. As pessoas que dizem sempre «sim, sim» são de desconfiar. Eu, o que tiver a dizer, digo, seja a quem for, educadamente.
O que gostaria de ver mudar no novo ano político que se avizinha ?
O orçamento aprovado e que os principais partidos (PS e PSD) se entendam. A situação política atual não está para brincadeiras e não se compadece com birras e fugas para a frente (eleições antecipadas). Os portugueses não aprovam tal coisa. E estão aí a chegar as eleições presidenciais, espero que se gaste pouco dinheiro, se discuta o País e não questões menores.
Qual é o problema de fundo do atual sistema político ?
A falta de vontade das pessoas em participar, demitindo-se das suas responsabilidades e delegando tudo nos políticos. Desta forma colocam-se numa posição confortável de crítica sem participação. O que faz com que muitas pessoas não se sintam representadas por quem é eleito e outras acham que não vale a pena participar. Há no fundo dois défices: responsabilização e participação.
Quais os seus novos projetos?
Que os debates decorram como até aqui, com muito interesse e gente ávida de participar. O blogue mantenha os índices de popularidade que granjeou ao longo destes anos. O meu programa de rádio na RCM (91.0), à quarta feira (19h00), faz quatro anos em novembro. Participo num programa de televisão na RTV, «Jota ao quadrado» e colaboro no PortoCanal no «dia em análise». Os debates vão recomeçar com o ciclo da República. Já tivemos um candidato a Presidente da República, Fernando Nobre, e vou procurar ter outros. Manuel Alegre estará no CdP no final deste mês. Brevemente vou apresentar um novo livro.
Joaquim Jorge. Fundador do CdP lamenta 'a falta de vontade das pessoas em participar', como problema do sistema político
D.R.