14/07/2010

DESPREZO


Em função do que se está passar na politica portuguesa o sentimento dominante dos cidadãos é o desprezo . Os cidadãos sentem desdém , desconsideração pela política e tudo que a envolve, têm falta de estima e apreço pelos políticos e não dão importância , não ligam , no fundo , desprezam. Os cidadãos sentem-se atropelados e indignados pelos acontecimentos recentes. Estão fartos de propaganda e as suas expectativas saíram frustradas. Felipe González disse um dia , « tenho a suspeita que estamos pior que ontem, mas infinitamente melhor que amanhã» . A situação actual de grave crise económica está traduzida neste pensamento. A nossa democracia está marcada pela mediocridade e o mediático.
A fractura entre a classe política e os cidadãos nunca foi tão profunda como agora . A critica à postura dos líderes continua, mas é importante ir um pouco ao passado e ver quais as razões de tão grande distanciamento. A política transformou-se em marketing , o debate ideológico foi substituído pela verborreia de frívolas promessas e pueris ameaças da chegada do lobo mau. A indefinição do discurso para atrair o maior número de votantes e a guerra sem quartel à oposição e da oposição a quem governa. Ou comigo ou contra mim. Opiniões contrárias são entendidas como um ataque . A tolerância e os valores não contam , a sociedade oscila entre a indiferença e a intransigência. O pensamento critico está a tornar -se uma ave rara. A abstenção vai continuar a crescer para vergonha da democracia e dos democratas e está difícil inverter esta tendência.
É fundamental estabelecer pontes de diálogo entre cidadãos e políticos fomentar plataformas de diferentes pensamentos entendidos como enriquecimento.
Deve haver um compromisso mútuo dos cidadãos e políticos com a verdade e a honestidade sem utopia. Se deixarmos de crer na nossa capacidade de transformação e mudança , o melhor é renunciarmos a exercer o poder. As eleições dependem de nós...

JJ