Mário Russo
O debate no Clube dos Pensadores em que Joaquim Jorge sugeriu a Pedro Abrunhosa falar sobre “A falta de empenho dos cidadãos na vida política”, foi interessante e suscitou viva discussão com salutares divergências de pontos de vista, que no fim se revelou não serem tão divergentes.
Joaquim Jorge começou por fazer uma resenha do percurso de sucesso nacional e internacional do convidado, que é um exemplo de dedicação à causa pública, pois aceitou ser deputado municipal do Porto, nas listas do PS, como independente, como gosta de frisar, sendo um ícone da moderna música portuguesa com uma carreira que o obriga a um empenho enorme e muitos concertos pelo país fora e estrangeiro. Ainda assim, dá o seu contributo como membro eleito e tem combatido a estratégia privatizadora e de cinzentismo que caracterizam os exercícios camarários de Rui Rio.
Pedro Abrunhosa começou por lembrar feitos históricos do Porto e dos portuenses, em prol da liberdade e da democracia, cujos combates partiram da Invicta, que honra o CdP, como fórum da liberdade na tradição das tertúlias que alimentaram tais combates do passado.
Referiu que hoje, a cidade está como que amordaçada, sendo o contrário da sua vocação do passado, muito por culpa da gestão camarária do seu presidente. “Não se pode estar no Porto sem tecer loas ao seu presidente de Câmara”, sob pena de ser silenciado por alguma das formas habituais.
A cidade deveria potenciar a sua vocação de cultura, de ciência e das artes, como fórum de debate, onde o homem se abre às vertentes humanas. A cidade está mais pobre fruto de um crescente desinvestimento nestas áreas fulcrais e ao cinzentismo de contabilista de sua Exa. O Senhor Presidente da Câmara.
Rui Rio, segundo Abrunhosa, deve ter uma relação difícil consigo próprio. Certamente será uma boa pessoa, mas usa bem da demagogia para fazer passar a ideia do rigor nas contas, quando as empresas municipais provam o contrário, sendo o desaguadouro dos défices municipais. Não dá subsídios à cultura, especialmente a quem está a começar, no entanto, para corridas de antigos carros de F1 não mede esforços, com baixa repercussão na promoção da cidade, muito ao contrário de provas de avião da Red Bull, que poderá vir a perder para Lisboa.
Não é contra a actividade teatral desenvolvida por Filipe Laféria, que estima bastante, mas não no Rivoli, que deveria ficar ao serviço de outros projectos culturais que possam criar outros actores e públicos na região e careçam de apoios camarários. É contra a privatização sem medida dos bens e equipamentos culturais, porque a visão economicista e contabilística não é estratégia com frutos neste domínio, como se pode já constatar. O Porto perdeu protagonismo e está triste.
Criticou as privatizações em que estranhamente só aparece um concorrente, porque naturalmente os concursos são feitos à medida. Combateu o modelo de descaracterização que Rui Rio pretendia para o Bulhão e a destruição dos jardins do “ex-palácio de Cristal”. Lembrou a pujança que Barcelona, Bilbao, Saragoça, entre outras, aqui na vizinha Espanha, ganharam com a aposta na cultura e que deveríamos seguir o exemplo.
A riqueza patrimonial e histórica do Porto merecia mais que uma visão redutora de contabilista a condicionar o seu futuro. Rui Rio soube capitalizar a seu favor o combate que moveu ao FCP e a Pinto da Costa, que “Lisboa” apoiou com todo o vigor, porque “apareceu alguém sério que combate a promiscuidade entre futebol e política”. Claro que esta estratégia deu frutos e a imprensa publicada, sendo de Lisboa, forma opinião e veicula na praça pública a aura de rigor nas contas de Rui Rio. Razão porque legitimamente foi reeleito, numa cidade com uma população tradicionalmente combativa e amante da liberdade, que poderá sugerir um contra-senso.
Pedro Abrunhosa disse que a Regionalização é uma reforma fundamental para o desenvolvimento de elites regionais, potenciando a correcção de assimetrias gritantes (o Norte é a mais pobre região da Europa). Deverão ser 5 as regiões em Portugal, como estão estruturadas as regiões plano actualmente, coincidindo com as áreas de influência das CCDR. A discussão da Regionalização foi contaminada pelo futebol e muito mal. Chamaram-se os bichos papões do aparecimento de Albertos Joãos e Pintos da Costa, para justificar a reprovação desta reforma. Regionalização não é Rei-gionalização, aludindo exactamente aos tais bichos-papão.
Joaquim Jorge indagou o convidado a dizer qual a sua relação com Rio Rio e o que pensava de Sócrates. Pedro Abrunhosa respondeu com mestria a ambas as perguntas. Tem relações institucionais com Rio, onde é patente a sua divergência quanto ao conceito de cidade que ambos têm, e já escreveu no seu Blog sobre Sócrates. Ao contrário do que foi dito, que só se rebelou na era Cavaco Silva como PM, não se coíbe de criticar e emitir a sua opinião sobre todos os assuntos “quentes” da actualidade, bastando consultar o Blog. Criticou a lentidão da Justiça, que é ágil a punir pobres e condescendente com os poderosos e recordou os casos Casa Pia, BPN, etc.
Um debate aceso e interessante que revelou o político por detrás do artista, que dá o seu contributo de cidadania ao povo portuense. Pedro Abrunhosa, homem culto, inteligente, com bom discurso, boas ideias e grande coerência, que merecem uma atenta observação. Excelente debate no CdP, em que JJ já nos habituou.
O debate no Clube dos Pensadores em que Joaquim Jorge sugeriu a Pedro Abrunhosa falar sobre “A falta de empenho dos cidadãos na vida política”, foi interessante e suscitou viva discussão com salutares divergências de pontos de vista, que no fim se revelou não serem tão divergentes.
Joaquim Jorge começou por fazer uma resenha do percurso de sucesso nacional e internacional do convidado, que é um exemplo de dedicação à causa pública, pois aceitou ser deputado municipal do Porto, nas listas do PS, como independente, como gosta de frisar, sendo um ícone da moderna música portuguesa com uma carreira que o obriga a um empenho enorme e muitos concertos pelo país fora e estrangeiro. Ainda assim, dá o seu contributo como membro eleito e tem combatido a estratégia privatizadora e de cinzentismo que caracterizam os exercícios camarários de Rui Rio.
Pedro Abrunhosa começou por lembrar feitos históricos do Porto e dos portuenses, em prol da liberdade e da democracia, cujos combates partiram da Invicta, que honra o CdP, como fórum da liberdade na tradição das tertúlias que alimentaram tais combates do passado.
Referiu que hoje, a cidade está como que amordaçada, sendo o contrário da sua vocação do passado, muito por culpa da gestão camarária do seu presidente. “Não se pode estar no Porto sem tecer loas ao seu presidente de Câmara”, sob pena de ser silenciado por alguma das formas habituais.
A cidade deveria potenciar a sua vocação de cultura, de ciência e das artes, como fórum de debate, onde o homem se abre às vertentes humanas. A cidade está mais pobre fruto de um crescente desinvestimento nestas áreas fulcrais e ao cinzentismo de contabilista de sua Exa. O Senhor Presidente da Câmara.
Rui Rio, segundo Abrunhosa, deve ter uma relação difícil consigo próprio. Certamente será uma boa pessoa, mas usa bem da demagogia para fazer passar a ideia do rigor nas contas, quando as empresas municipais provam o contrário, sendo o desaguadouro dos défices municipais. Não dá subsídios à cultura, especialmente a quem está a começar, no entanto, para corridas de antigos carros de F1 não mede esforços, com baixa repercussão na promoção da cidade, muito ao contrário de provas de avião da Red Bull, que poderá vir a perder para Lisboa.
Não é contra a actividade teatral desenvolvida por Filipe Laféria, que estima bastante, mas não no Rivoli, que deveria ficar ao serviço de outros projectos culturais que possam criar outros actores e públicos na região e careçam de apoios camarários. É contra a privatização sem medida dos bens e equipamentos culturais, porque a visão economicista e contabilística não é estratégia com frutos neste domínio, como se pode já constatar. O Porto perdeu protagonismo e está triste.
Criticou as privatizações em que estranhamente só aparece um concorrente, porque naturalmente os concursos são feitos à medida. Combateu o modelo de descaracterização que Rui Rio pretendia para o Bulhão e a destruição dos jardins do “ex-palácio de Cristal”. Lembrou a pujança que Barcelona, Bilbao, Saragoça, entre outras, aqui na vizinha Espanha, ganharam com a aposta na cultura e que deveríamos seguir o exemplo.
A riqueza patrimonial e histórica do Porto merecia mais que uma visão redutora de contabilista a condicionar o seu futuro. Rui Rio soube capitalizar a seu favor o combate que moveu ao FCP e a Pinto da Costa, que “Lisboa” apoiou com todo o vigor, porque “apareceu alguém sério que combate a promiscuidade entre futebol e política”. Claro que esta estratégia deu frutos e a imprensa publicada, sendo de Lisboa, forma opinião e veicula na praça pública a aura de rigor nas contas de Rui Rio. Razão porque legitimamente foi reeleito, numa cidade com uma população tradicionalmente combativa e amante da liberdade, que poderá sugerir um contra-senso.
Pedro Abrunhosa disse que a Regionalização é uma reforma fundamental para o desenvolvimento de elites regionais, potenciando a correcção de assimetrias gritantes (o Norte é a mais pobre região da Europa). Deverão ser 5 as regiões em Portugal, como estão estruturadas as regiões plano actualmente, coincidindo com as áreas de influência das CCDR. A discussão da Regionalização foi contaminada pelo futebol e muito mal. Chamaram-se os bichos papões do aparecimento de Albertos Joãos e Pintos da Costa, para justificar a reprovação desta reforma. Regionalização não é Rei-gionalização, aludindo exactamente aos tais bichos-papão.
Joaquim Jorge indagou o convidado a dizer qual a sua relação com Rio Rio e o que pensava de Sócrates. Pedro Abrunhosa respondeu com mestria a ambas as perguntas. Tem relações institucionais com Rio, onde é patente a sua divergência quanto ao conceito de cidade que ambos têm, e já escreveu no seu Blog sobre Sócrates. Ao contrário do que foi dito, que só se rebelou na era Cavaco Silva como PM, não se coíbe de criticar e emitir a sua opinião sobre todos os assuntos “quentes” da actualidade, bastando consultar o Blog. Criticou a lentidão da Justiça, que é ágil a punir pobres e condescendente com os poderosos e recordou os casos Casa Pia, BPN, etc.
Um debate aceso e interessante que revelou o político por detrás do artista, que dá o seu contributo de cidadania ao povo portuense. Pedro Abrunhosa, homem culto, inteligente, com bom discurso, boas ideias e grande coerência, que merecem uma atenta observação. Excelente debate no CdP, em que JJ já nos habituou.