Fernando dos Santos Neves
É sabido como o “Grupo Lusófona” (grupo de ensino superior, por sinal o maior e, dizem as “boas línguas”, também o melhor de ensino superior privado português) se empenhou na campanha a favor da “Regionalização em Portugal”, aquando do “Referendo de 1998” (que o Engº Valente de Oliveira viria a designar muito justamente de “embuste”…), organizando congressos, publicando, nas “Edições Universitárias Lusófonas, um livrinho-manifesto intitulado “Contra Leviatão, 11 Teses contra o Estado Centralista…”, etc. etc. etc. E nunca, no âmbito do “Grupo Lusófona”, tivemos problemas “teóricos” para compatibilizar a unidade do grupo global com a diversidade e a autonomia das diversas unidades locais… Ou seja, teórica e praticamente, temos sabido conciliar e até rentabilizar a “globalização” e a “localização” e se, no caso e ao contrário de vários outros casos, não fomos nós que inventámos a palavra, há muito que, quotidianamente, praticamos a realidade da “glocalização”…
Nos últimos tempos, como dizia noutros tempos o poeta (mais precisamente, a poetisa do Porto Sofia de Melo Andresen), “Vemos, ouvimos e lemos, Não podemos ignorar…” tudo o que se tem dito e escrito e vociferado e etc. por estas bandas sobre a “Regionalização” e principalmente sobre a falta dela, a ponto de até alguns dos seus maiores adversários de ontem se terem convertido, hoje, nos seus mais acérrimos defensores….
O caso maximamente paradigmático é o caso do atual Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio, que, como diria o Cícero de “Oh Tempora! Oh! Mores”, nesse aspeto, não fala agora menos violentamente nem menos virulentamente que Pinto da Costa e a instituição desportiva que, nos últimos 20-30 anos, simbolizou vitoriosamente a luta anti-leviatânica contra todos os centralismos lisboetas, à imagem do F.C. de Barcelona na Catalunha e do seu emblemático slogan, evidentemente em língua catalã: “O Barça é muito mais que um clube de futebol!”
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(*) Palavras do Reitor da Universidade Lusófona do Porto, no Cinema Batalha, em 20/03/10.
E quem não se terá surpreendido com os gritos de revolta anti-centralista de personalidades como o Dr. Rui Moreira, presidente da prestigiada Associação Comercial do Porto, que fala, chamando a atenção para o sentido próprio das palavras, da necessidade já não da mera “regionalização administrativa” mas sim da “regionalização política” ou como o Dr. Joaquim Jorge, o pacífico criador do nunca assaz louvado “Clube dos Pensadores” que, há dias (12 de Março de 2010), terminava azedo artigo num jornal da cidade com estas palavras incendiárias “…Só nos resta pedir a independência. Já!”
“Caveant Consules!” Prestem atenção os responsáveis, porque, aparentemente, quero dizer, historicamente, muitas das decisivas lusas revoluções (liberalismo, republicanismo, anti-salazarismo, etc.) é por estes sítios que começaram a germinar…
Mas, dir-me-ão, que tem a ver tudo isto com a Universidade Lusófona do Porto e a celebração do seu dia de festa anual?
Embora não seja nada politico-economicamente correto falar dos modernos gregos nas presentes circunstâncias, poder-se-á continuar a falar dos gregos clássicos e, concretamente, do super-clássico filósofo Aristóteles, para relembrar que os “objetivos” da contemporânea linguagem são aquilo que Aristóteles, na sua teoria das quatro causas explicativas da realidade (e, segundo parece, a ciência continua a ser a explicação das coisas pelas causas…) designava de “causa final” (além das causas eficiente, material e formal) e que essa causa final, sendo embora a última na ordem da realização, era necessariamente a primeira na ordem da intenção…
Ora, que dizem os “Estatutos da ULP” sobre os seus objetivos ou a sua causa final? “A ULP tem como objetivos o ensino, a investigação e a prestação de serviços nos vários domínios da cultura, da arte, da ciência e da tecnologia, numa perspetiva interdisciplinar, em ordem ao desenvolvimento dos países e povos lusófonos, designadamente, no âmbito da Eurorregião do Noroeste Peninsular.”
Simplificando, eu acrescentaria, que, no dia da ULP do ano passado, falei da sua “causa formal” (as suas características de “Universidade Noroeste-Peninsular”, “Universidade Lusófona”, Universidade Abrilista”, “Universidade Bolonhesa-Europeia”, “Universidade Humanista”, “Universidade Cientifico-tecnológica”, etc…), sendo que a complementar “causa material” são as suas muitas dezenas de cursos do 1º, 2º e 3º ciclos (licenciaturas, mestrados, doutoramentos) já existentes ou anunciados, os seus “Centros de Estudo e Investigação”, as “suas Pós-graduações e Especializações”, e que a obviamente essencial “causa eficiente” (aliás, causas eficientes no mais vasto plural) são todos os seus docentes e todos os seus alunos e todos os seus funcionários e todos os seus conselheiros (de todos os seus Conselhos: Universitário, Científico, Pedagógico, Geral Estratégico…) e todos os seus amigos e todos os seus colaboradores, genérica e globalmente, todos os membros da Sociedade Portuense, Nortenha, Noroeste-peninsular, desta já existente mas principalmente ainda existitura Eurorregião Lusófona do Norte de Portugal e da Galiza. À imagem e na dinâmica das palavras de Fernando Pessoa que constituem o lema da Universidade Lusófona do Porto (“Minha Pátria é a Língua Portuguesa”), poderíamos igualmente parafrasear o seu verso famoso “Navegar é Preciso” e dizer “Regionalizar é Precisíssimo!”. Aliás, com exemplos aqui tão perto e tão frutuosos… Bastará olhar para a Espanha (Galiza, Catalunha, etc) e até … para o Portugal dos Açores e da Madeira!
E eu quero terminar estas palavras com a promessa-ameaça de reescrever novas “Onze Teses” sobre a “Regionalização Democrática de Portugal” e a “Eurorregionalização Lusófona do Noroeste Peninsular” e finalizá-las com uma fatal 11ª Tese inspirada na célebre 11ª Tese de K. Marx contra Feuerbach: Até aqui os Políticos Portugueses têm-se divertido a falar e a prometer variadas regionalizações para amanhã; mas o que os Portugueses verdadeiramente querem é uma imediata regionalização hoje para transformar Portugal!
Porque “Regionalizar é Precisíssimo”!
Reitor da Universidade Lusófona do Porto e criador da 1ª licenciatura portuguesa em ciência política
É sabido como o “Grupo Lusófona” (grupo de ensino superior, por sinal o maior e, dizem as “boas línguas”, também o melhor de ensino superior privado português) se empenhou na campanha a favor da “Regionalização em Portugal”, aquando do “Referendo de 1998” (que o Engº Valente de Oliveira viria a designar muito justamente de “embuste”…), organizando congressos, publicando, nas “Edições Universitárias Lusófonas, um livrinho-manifesto intitulado “Contra Leviatão, 11 Teses contra o Estado Centralista…”, etc. etc. etc. E nunca, no âmbito do “Grupo Lusófona”, tivemos problemas “teóricos” para compatibilizar a unidade do grupo global com a diversidade e a autonomia das diversas unidades locais… Ou seja, teórica e praticamente, temos sabido conciliar e até rentabilizar a “globalização” e a “localização” e se, no caso e ao contrário de vários outros casos, não fomos nós que inventámos a palavra, há muito que, quotidianamente, praticamos a realidade da “glocalização”…
Nos últimos tempos, como dizia noutros tempos o poeta (mais precisamente, a poetisa do Porto Sofia de Melo Andresen), “Vemos, ouvimos e lemos, Não podemos ignorar…” tudo o que se tem dito e escrito e vociferado e etc. por estas bandas sobre a “Regionalização” e principalmente sobre a falta dela, a ponto de até alguns dos seus maiores adversários de ontem se terem convertido, hoje, nos seus mais acérrimos defensores….
O caso maximamente paradigmático é o caso do atual Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio, que, como diria o Cícero de “Oh Tempora! Oh! Mores”, nesse aspeto, não fala agora menos violentamente nem menos virulentamente que Pinto da Costa e a instituição desportiva que, nos últimos 20-30 anos, simbolizou vitoriosamente a luta anti-leviatânica contra todos os centralismos lisboetas, à imagem do F.C. de Barcelona na Catalunha e do seu emblemático slogan, evidentemente em língua catalã: “O Barça é muito mais que um clube de futebol!”
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(*) Palavras do Reitor da Universidade Lusófona do Porto, no Cinema Batalha, em 20/03/10.
E quem não se terá surpreendido com os gritos de revolta anti-centralista de personalidades como o Dr. Rui Moreira, presidente da prestigiada Associação Comercial do Porto, que fala, chamando a atenção para o sentido próprio das palavras, da necessidade já não da mera “regionalização administrativa” mas sim da “regionalização política” ou como o Dr. Joaquim Jorge, o pacífico criador do nunca assaz louvado “Clube dos Pensadores” que, há dias (12 de Março de 2010), terminava azedo artigo num jornal da cidade com estas palavras incendiárias “…Só nos resta pedir a independência. Já!”
“Caveant Consules!” Prestem atenção os responsáveis, porque, aparentemente, quero dizer, historicamente, muitas das decisivas lusas revoluções (liberalismo, republicanismo, anti-salazarismo, etc.) é por estes sítios que começaram a germinar…
Mas, dir-me-ão, que tem a ver tudo isto com a Universidade Lusófona do Porto e a celebração do seu dia de festa anual?
Embora não seja nada politico-economicamente correto falar dos modernos gregos nas presentes circunstâncias, poder-se-á continuar a falar dos gregos clássicos e, concretamente, do super-clássico filósofo Aristóteles, para relembrar que os “objetivos” da contemporânea linguagem são aquilo que Aristóteles, na sua teoria das quatro causas explicativas da realidade (e, segundo parece, a ciência continua a ser a explicação das coisas pelas causas…) designava de “causa final” (além das causas eficiente, material e formal) e que essa causa final, sendo embora a última na ordem da realização, era necessariamente a primeira na ordem da intenção…
Ora, que dizem os “Estatutos da ULP” sobre os seus objetivos ou a sua causa final? “A ULP tem como objetivos o ensino, a investigação e a prestação de serviços nos vários domínios da cultura, da arte, da ciência e da tecnologia, numa perspetiva interdisciplinar, em ordem ao desenvolvimento dos países e povos lusófonos, designadamente, no âmbito da Eurorregião do Noroeste Peninsular.”
Simplificando, eu acrescentaria, que, no dia da ULP do ano passado, falei da sua “causa formal” (as suas características de “Universidade Noroeste-Peninsular”, “Universidade Lusófona”, Universidade Abrilista”, “Universidade Bolonhesa-Europeia”, “Universidade Humanista”, “Universidade Cientifico-tecnológica”, etc…), sendo que a complementar “causa material” são as suas muitas dezenas de cursos do 1º, 2º e 3º ciclos (licenciaturas, mestrados, doutoramentos) já existentes ou anunciados, os seus “Centros de Estudo e Investigação”, as “suas Pós-graduações e Especializações”, e que a obviamente essencial “causa eficiente” (aliás, causas eficientes no mais vasto plural) são todos os seus docentes e todos os seus alunos e todos os seus funcionários e todos os seus conselheiros (de todos os seus Conselhos: Universitário, Científico, Pedagógico, Geral Estratégico…) e todos os seus amigos e todos os seus colaboradores, genérica e globalmente, todos os membros da Sociedade Portuense, Nortenha, Noroeste-peninsular, desta já existente mas principalmente ainda existitura Eurorregião Lusófona do Norte de Portugal e da Galiza. À imagem e na dinâmica das palavras de Fernando Pessoa que constituem o lema da Universidade Lusófona do Porto (“Minha Pátria é a Língua Portuguesa”), poderíamos igualmente parafrasear o seu verso famoso “Navegar é Preciso” e dizer “Regionalizar é Precisíssimo!”. Aliás, com exemplos aqui tão perto e tão frutuosos… Bastará olhar para a Espanha (Galiza, Catalunha, etc) e até … para o Portugal dos Açores e da Madeira!
E eu quero terminar estas palavras com a promessa-ameaça de reescrever novas “Onze Teses” sobre a “Regionalização Democrática de Portugal” e a “Eurorregionalização Lusófona do Noroeste Peninsular” e finalizá-las com uma fatal 11ª Tese inspirada na célebre 11ª Tese de K. Marx contra Feuerbach: Até aqui os Políticos Portugueses têm-se divertido a falar e a prometer variadas regionalizações para amanhã; mas o que os Portugueses verdadeiramente querem é uma imediata regionalização hoje para transformar Portugal!
Porque “Regionalizar é Precisíssimo”!
Reitor da Universidade Lusófona do Porto e criador da 1ª licenciatura portuguesa em ciência política
