09/04/2010

Os Marajás de Portugal

Mário Russo



Os salários auferidos por Mexia, Zeinal Bava, Granadeiro, Rui Pedro Soares, Ana Fernandes da EDP Renováveis, Manuel Ferreira de Oliveira da GALP, são estratosféricas e só numa situação poderiam ser justificados. Se esses senhores fossem os únicos donos dessas empresas. Mas não são. E ainda pior, são públicas, ou com participação pública, que vem dar ao mesmo e quase todos monopólios (excepção da Galp). E uma delas nem rendimentos tem, a EDP Renováveis.

Mexia, Zeinal Bava e Granadeiro ganham de remuneração fixa qualquer coisa à volta de 50 mil euros mensais. Mexia arrecadou de vencimento extra mais 2,4 milhões de euros, ou seja, uma gorjeta de mais de 200 mil euros por mês.

Rui Pedro Soares, sobrinho de Mário Soares e boy de Sócrates na PT, ganha 35 mil por mês e um bónus de 88 mil mensais.

O nosso Presidente da República teria de estar na cadeira do poder 21 anos para auferir o que Mexia ganha num ano. O mesmo vale para o que arrecada Granadeiro e Zeinal Bava, entre outros Marajás das Arábias que vivem no nosso país e não são donos de poços de Petróleo.

O CEO da Microsoft, que substituiu Bill Gates, aufere 963 mil euros, um verdadeiro pobretanas ao pé de Mexia.

Só estes dados são de corar de vergonha pelo insulto ao povo português e ao bom senso. O que esses senhores ganham é ofensivo, porque trata-se de um roubo encapotado por regulamentos feitos por eles próprios para legitimar o “gamanço” escandaloso e obsceno em empresas públicas.

Não há nada que possa justificar que os lucros da empresa que dirigem (quantas vezes com contabilidades fraudulentas para justificar chorudos prémios) sejam mote para se locupletarem com parte deles. Justifica-se a pergunta: e os restantes trabalhadores? Não têm nenhuma responsabilidade no pretenso sucesso?

Porque não fazem esses Senhores de engenho um regulamento em que a distribuição de lucros seja civilizada, cabendo algo a todos? Porque são os únicos ungidos por um Deus que só a eles viu?

Não há nenhuma diferença destes roubos disfarçados de legais, com os que são perpetrados por ditadores africanos que subjugam e aniquilam o seu povo, apropriando-se das riquezas dos seus países.

Mas igualmente escandaloso é vermos o silêncio dos “pais da democracia” ante roubos descarados e pior ainda ver o Senhor PM José Sócrates defender galhardamente Mexia.

Como pode Sócrates defender um escândalo destes, ao mesmo tempo que brame um PEC contra o seu povo, com consequências graves para a coesão e a justiça social, carpindo lágrimas de crocodilo?

Onde estão o Presidente da Republica, o da Assembleia da Republica e os lideres político-partidários, para deixar esta “safadeza” campear solta? Será porque têm a “legítima expectativa de ocupar tais cadeiras?

Onde está o Direito à Indignação de Mário Soares?

Assim, não há esperança que não morra. É o vale tudo, o fartar vilanagem. O viva o Gamanço. Até tirar olhos vale nesta desgraçada pátria que só uns pouquíssimos são filhos e todos os restantes enteados.