02/04/2010

Mexia e os outros...


Mário Russo



Não há quem Mexa como ele, ou o segredo dos Roubos de Catedral.

Nos últimos tempos tem vindo a lume a questão dos “prémios” de gestores públicos e até privados que nos tem surpreendido a todos, sobretudo pela sua “generosa” obscenidade.
Um boy, sobrinho de Mário Soares, é bafejado com um euromilhões anualmente na PT. Como se sentirá um povo a quem são pedidos sacrifícios até ao tutano, com estas obscenidades?

Agora sabe-se mais uma similar, em que as Energias de Portugal são generosas para com Mexia, doando-lhe mais de 3 milhões de prémio, só num ano, enquanto a sua administração leva qualquer coisa como 17 milhões. Que felizardos ungidos por um Deus que se esqueceu do restante povo português.

Enquanto tivermos situações de tamanho descalabro, indecentes e imorais, muito dificilmente se poderá dignificar a vida neste país. De facto, o que se passa é aviltante e indecoroso. Pode até dizer-se que está regulado e são legais esses prémios. Mas é precisamente a forma como se transforma a obscenidade e o crime da roubalheira, em coisa legal, que está a vergonha que os políticos, todos, não querem alterar.

Um país que se diz civilizado, mas permite estas aberrações não pode, jamais, dar lições sobre corrupção em África ou na América Latina, como por vezes pretende fazer. Não vejo diferença alguma nas “luvas” que dirigentes africanos ou sul-americanos levam e estes prémios sujos. Aliás, só a sua ingenuidade é que não legaliza tais “retiradas” faustosas. Bastaria que elaborassem os regulamentos que justificassem a apropriação do bem alheio, como fazem os congéneres da GALP, EDP, REN, etc.., cá pelo burgo.

O Sr. Mexia é o único predestinado filho de Deus? Ele e a sua equipa multimilionária fazem algo sem os restantes trabalhadores da empresa? Para não dizer que está num sector que é monopolista, e como tal, não tem qualquer mérito em arrecadar receita. O povo é obrigado a gastar a “sua mercadoria”, ao preço que ele impõe. Que mérito há? O que justifica esse roubo?

Mesmo que tivesse, o que justificaria a escandalosa diferença?

O que justifica tecnicamente, moralmente, socialmente, que alguém ganhe num ano o que um engenheiro ou médico no topo da carreira ganharia em 50 anos? Será que não há agentes políticos que não vejam isto? O Sr. Presidente da Republica que faz? É motivo para se fazer uma revolução. Para se pegar e lutar seja por que meio for, para dar dignidade a um país.

Aliás, as revoluções sangrentas fizeram-se por questões similares. Quando um povo se vê acuado, roubado e gozado, como é o caso, não tem outra alternativa senão pegar em armas, sejam elas quais forem. Não peçam paciência ao povo com exemplos destes. Basta a disponibilidade de alguém para liderar uma rebelião para incendiar o país. Estes exemplos de roubalheira indecente são o rastilho em época de agrura e sequeiro.