Joffre Justino
Foi o meu 1º 31 de Janeiro e a minha segunda Manif contra a Guerra Colonial….e, claro, é dia que nunca esquecerei, também porque o meu Pai esteve comigo todo o tempo.
Director Pedagógico
Estamos em plena semana do 31 de Janeiro, data que comemora a 1ª Revolta Republicana, no Porto, e que se desenvolve num contexto de combate contra o Império Britânico que pretendeu e conseguiu, dada a fragilidade da corte portuguesa, quase sem conflito, tomar o Mapa Cor de Rosa, parte africana dominante do Império Português e, assim, fragilizar definitivamente a corte, a monarquia e evidentemente também Portugal.
Já vos recordei em outro email a importância do nosso, da Academia de Estudos Laicos e Republicanos, Jantar/debate de 30 de Dezembro de 2010. Neste que vos envio opto por vos relatar uma história da minha vida, vivida no Porto, a 31 de Janeiro de 1970…
Tinha chegado de Angola em Agosto de 1969 e rapidamente instalado no Porto, cidade origem da minha família, em casa da minha irmã. Lá, tal qual o fizeram os meus compinchas angolanos em Lisboa, tentei estabelecer contactos com gentes do MPLA que vivessem nesta Invicta Cidade.
Por isso mesmo e sem perceber bem como, diga-se, dei por mim como dirigente associativo, eleito democraticamente, da Associação de Estudantes da Faculdade de Economia do Porto, numa lista, percebi mais tarde, largamente de estudantes afectos ao PCP.
E foi assim que nos primeiros dias de Janeiro de 1970 estava num comité especial a organizar, com o Movimento da Juventude Trabalhadora, uma manifestação contra a Guerra Colonial, a arrancar no dia 31 de Janeiro de 1970, á saída do cemitério onde os Republicanos se juntavam todos os anos a comemorar o aniversário do 31 de Janeiro.
Por forma a darmos impacto mais revolucionário ao Evento.
É claro que é importante recordar que se vivia então uma cisão na Oposição Democrática com a CDE a ter sido, em 1969, a força eleitoral do PCP e com a CEUD enquanto a força eleitoral dos republicanos históricos, como o meu Pai e a sua família.
Bem, diga-se que eu, vindo de Angola, ainda assim, já na altura, mesmo conhecendo bastante mal a minha família, a sabia Republicana e activa, com o meu tio avô Artur Valença a ser um significativo activista da CEUD e com o meu pai a visitar as instalações da CEUD várias vezes.
No entanto não o via militante republicano.
Chega o dia 31 de Janeiro e tal como combinado lá fomos para a porta do cemitério a ver chegar os Republicanos, gente de idade, para mim, provecta e sinceramente desconhecidos, angolano que era, do seu papel e da sua História.
Já que meu Pai apesar de se Republicano e anti salazarista assumido, se nos deu uma educação liberal, pouco nos relatava das suas vivências politicas…
E é por isso que a minha surpresa ainda foi maior quando vejo surgir à porta do cemitério – o meu Pai.
Em estado de choque e imaginando que seria fortemente repreendido por estar a li, optei por investir de antes dele e cheguei-me perguntando o que fazia ele ali.
Isso pergunto-te eu disse-me ele também bastante surpreendido com a situação.
Claro que tive de lhe dizer que estava com uns amigos que se preparavam para arrancar com uma Manifestação Contra a Guerra Colonial e que, claro, iria com eles.
Eu também vou disse meu Pai.
E lá fomos, entre fugas á policia, horas a fio, correndo o Porto e gritando palavras de ordem contra a Guerra Colonial.
E o meu Pai sempre connosco.
É formidável o teu Pai diziam os meus Amigos e Camaradas daquele Combate.
Eu sorria e lá ia dizendo que ele estava ali sobretudo para tomar conta de mim, não fosse acontecer-me algo.
Terminámos o dia num Comício da CEUD, com o resto da família do meu Pai, sem que eu tivesse alguma vez a certeza sobre se ele teria estado comigo, por mim ou também por estar contra uma Guerra, que ele, anos antes, apoiava, Republicano da Linha do Cunha Leal que era.
Já vos recordei em outro email a importância do nosso, da Academia de Estudos Laicos e Republicanos, Jantar/debate de 30 de Dezembro de 2010. Neste que vos envio opto por vos relatar uma história da minha vida, vivida no Porto, a 31 de Janeiro de 1970…
Tinha chegado de Angola em Agosto de 1969 e rapidamente instalado no Porto, cidade origem da minha família, em casa da minha irmã. Lá, tal qual o fizeram os meus compinchas angolanos em Lisboa, tentei estabelecer contactos com gentes do MPLA que vivessem nesta Invicta Cidade.
Por isso mesmo e sem perceber bem como, diga-se, dei por mim como dirigente associativo, eleito democraticamente, da Associação de Estudantes da Faculdade de Economia do Porto, numa lista, percebi mais tarde, largamente de estudantes afectos ao PCP.
E foi assim que nos primeiros dias de Janeiro de 1970 estava num comité especial a organizar, com o Movimento da Juventude Trabalhadora, uma manifestação contra a Guerra Colonial, a arrancar no dia 31 de Janeiro de 1970, á saída do cemitério onde os Republicanos se juntavam todos os anos a comemorar o aniversário do 31 de Janeiro.
Por forma a darmos impacto mais revolucionário ao Evento.
É claro que é importante recordar que se vivia então uma cisão na Oposição Democrática com a CDE a ter sido, em 1969, a força eleitoral do PCP e com a CEUD enquanto a força eleitoral dos republicanos históricos, como o meu Pai e a sua família.
Bem, diga-se que eu, vindo de Angola, ainda assim, já na altura, mesmo conhecendo bastante mal a minha família, a sabia Republicana e activa, com o meu tio avô Artur Valença a ser um significativo activista da CEUD e com o meu pai a visitar as instalações da CEUD várias vezes.
No entanto não o via militante republicano.
Chega o dia 31 de Janeiro e tal como combinado lá fomos para a porta do cemitério a ver chegar os Republicanos, gente de idade, para mim, provecta e sinceramente desconhecidos, angolano que era, do seu papel e da sua História.
Já que meu Pai apesar de se Republicano e anti salazarista assumido, se nos deu uma educação liberal, pouco nos relatava das suas vivências politicas…
E é por isso que a minha surpresa ainda foi maior quando vejo surgir à porta do cemitério – o meu Pai.
Em estado de choque e imaginando que seria fortemente repreendido por estar a li, optei por investir de antes dele e cheguei-me perguntando o que fazia ele ali.
Isso pergunto-te eu disse-me ele também bastante surpreendido com a situação.
Claro que tive de lhe dizer que estava com uns amigos que se preparavam para arrancar com uma Manifestação Contra a Guerra Colonial e que, claro, iria com eles.
Eu também vou disse meu Pai.
E lá fomos, entre fugas á policia, horas a fio, correndo o Porto e gritando palavras de ordem contra a Guerra Colonial.
E o meu Pai sempre connosco.
É formidável o teu Pai diziam os meus Amigos e Camaradas daquele Combate.
Eu sorria e lá ia dizendo que ele estava ali sobretudo para tomar conta de mim, não fosse acontecer-me algo.
Terminámos o dia num Comício da CEUD, com o resto da família do meu Pai, sem que eu tivesse alguma vez a certeza sobre se ele teria estado comigo, por mim ou também por estar contra uma Guerra, que ele, anos antes, apoiava, Republicano da Linha do Cunha Leal que era.
Foi o meu 1º 31 de Janeiro e a minha segunda Manif contra a Guerra Colonial….e, claro, é dia que nunca esquecerei, também porque o meu Pai esteve comigo todo o tempo.
Director Pedagógico