16/01/2010

Manuel Alegre entala o PS com a sua candidatura à Presidência

foto arquivo do CdP

Mário Russo


Manuel Alegre tem sido paladino do descontentamento da esquerda não comunista em Portugal, contra o seu próprio partido. Acaba de anunciar em Portimão a sua candidatura à Presidência da República.

Afirmou com clarividência que a sua candidatura “é daqueles que querem ver renascer a esperança em Portugal”. Ora sabe-se que quem pode potenciar a esperança de um povo é o governo do país, que em Portugal é do PS de José Sócrates. «Estou disponível para esse combate com todos vós, com todos os portugueses que já estão connosco e com todos os que a seu tempo virão ajudar para mudar e para vencer, pela República e por Portugal», foram palavras de Manuel Alegre que não deixam margem para dúvidas.

O que fará o PS e Sócrates a esta intenção de candidatura? Vai apoiar, sabendo que terá um putativo candidato em Belém mais incómodo que Cavaco? Ou vai tirar da cartola um candidato próprio do Partido, para de novo dividir o eleitorado e permitir nova vitória de Cavaco?

Esta candidatura de Alegre veio em má hora para Sócrates, que luta por um Orçamento de Estado que não será nada meigo para o povo português e tem de desviar ao máximo as atenções para esta inesperada iniciativa de agenda política de uma das referências morais da esquerda portuguesa.

Francisco Louçã, fervoroso adversário do PS e de Sócrates, rejubilou com o anúncio de Alegre, porque vê forma de evitar uma maioria, um governo e um presidente. Com efeito, Alegre será em muita coisa a antítese de Cavaco. Será interventivo, protagonizando uma alternativa de esquerda ao gosto popular de Louçã e do BE, pondo em cheque as políticas de direita de Sócrates.

Quando Alegre diz haver necessidade de “ver renascer a esperança em Portugal” está a condenar a política que o PS vem seguindo, sem nenhum rodeio.

A economia nacional frágil não ajuda Sócrates a ter razão nas suas opções de governação e não será a teimosia em continuar com as obras faraónicas que reverterá a seu favor o crescimento do país que traga bem-estar aos portugueses.

Sócrates não tem tido oposição de qualidade, sobretudo do PSD, o tradicional partido de alternância no poder, mas terá em Manuel Alegre a pedra no seu sapato.