17/01/2010

Haiti o que é de ti

Mário Russo



As notícias sobre mais uma tragédia sobre o Haiti são tristes e confirma-se o óbvio: não se trata de um país mas de um rascunho de país. Nada funciona. Sempre foi assim. Impera a corrupção e a incompetência há centenas de anos e ninguém faz nada.

Agora aparecem os líderes mundiais, a ONU e quejandos a carpir lágrimas de crocodilo, quando deixaram ruir por completo aquele país pobre. Porquê? Porque é um país de negros, descendentes de escravos africanos, sem riquezas (sobretudo sem petróleo). Deixaram que criminosos tomassem conta do país e se transformasse numa republiqueta das bananas. Os dirigentes a viver faustosamente e o povo na miséria a ter de devastar os recursos florestais para obter energia, a ponto de hoje ser uma tragédia ambiental em que só resta 2% da floresta outrora existente.

Com esta destruição emergem problemas de erosão e depauperamento dos solos, logo da própria agricultura e da sobrevivência de qualquer povo.

O que fez a comunidade internacional, tão ávida de protagonismo e intervenções em outras partes do mundo? Nada. Agora chora a catástrofe natural, ampliada 100 vezes porque aquilo não é um país, mas uma favela desorganizada, pobre e corrompida pela incompetência.

Os hipócritas internacionais choram lágrimas pela destruição, que eles próprios ajudaram a erigir pela omissão e negligência. Há anos que o Haiti deveria ser assumido pelas Nações Unidas como um protectorado até atingir a maioridade política, criando as estruturas políticas, administrativas e infra-estruturas necessárias a que se tornasse um país independente. Mas não. Deixaram claudicar ano após ano.

A maior das injustiças é votar um povo à miséria absoluta por abandono total (dos seus governantes, que não eram mais que gangsters) e pela comunidade internacional. A ONU é a principal culpada pelo horror que se vive naquele frágil e miserável território.

Como disse Pombal após o terramoto de Lisboa: há que cuidar dos feridos e enterrar os mortos. Mas, chegou também o momento de reflectir, de ter vergonha e de agir em conformidade, se não quisermos ver aquele território afundar-se definitivamente antes das “alterações climáticas”.