Sentindo o corpo cravejado
De espinhos , martelados
Como pregos de aço brilhante ,
Fardo de um mundo humilhante
E vidas em lâminas deslizando
Invólucros de carne formando
A sociedade numismática
Que busca apenas sua óptica .
Metamorfoseando seres marujos
Despem as mentes dos casulos
Tecidos pelos bilros humanos
Múmias de embalsamados mundanos
Dentro das mentes rebuscadas
Ferem as farpas aguçadas
De valores induzidos no chicote
Imposto pela força do magote
E com o espírito solto do enleio
Na mente limpa do devaneio
Penetro em ode etérea esta ora
Que em mim de mim brota aurora
Nesta nau luso talhada
Com escopo na madeira miscigenada
Em navego pélago espraiando largo
No horizonte humano não amargo
De fogos - fátuos nos corpos suados
Fosforecendo brilhos da morte nados
Iluminando as brumas densas garras
Encontro náiade em rios sem amarras .
( Valdemar F. Ribeiro )