28/09/2009

A Vitória do PS e de Sócrates, a Crise e as Dores de Cotovelo


“Portugal endoidou”
De o habitual etilizado


Há qualquer coisa de errado no país como refere Alberto João?

Sou forçado a concordar com ele, não no endoidamento do país mas no facto de haver, algo de errado por aqui…

E o erro situa-se entre os que se assumem enquanto a elite do país.

Recordemos as Europeias, anunciadas como vitória insofismável do PSD, quando o que sucedeu foi que a vitória coubera à abstenção e que o sucedido, no essencial, fora uma penalização do PS sem transferência de votos, para o PSD ou outro qualquer partido.

Entretanto, desde o dia das Europeias a comunicação social anunciou o enterro de Sócrates e do PS.

O Bloco de Esquerda, pela voz de Anacleto Louçã, esse, chegou ao ponto de dias antes destas eleições recusar a existência, à Esquerda, do PS.

Há realmente algo de errado por aqui.

Chama-se, em bom português, dor de cotovelo.

Porque Sócrates, ganhou as eleições.

Porque o PS com José Sócrates como seu secretário geral, ganhou as eleições.

O que, em Julho era impensável.

Porque o que estava em jogo em Julho era a derrota eleitoral do PS!

Mas a verdade é que o PS, os Socialistas, a Família Socialista no seu todo, soube resistir.

De tal forma que Alberto João decidiu entender que o país endoidou!

Não, não endoidou, recusou-se sim a alinhar no endoidamento de alguma elite portuguesa.

E, por isso, a maioria do País votou PS, votou para que o PS e José Sócrates governem o país por mais 4 anos.

Porque as Pessoas, as Pessoas simples entendem o que a elite se recusa a entender – que existe uma crise Mundial que cavalga em Portugal uma crise interna grave e que, em Portugal, a bolha, portuguesa, do imobiliário, ainda não estourou mas corre o risco de estourar, o que agravará a situação do país, se acontecer.

E só não acontecerá se o país for governado com bom senso, mas com entusiasmo suficiente para dinamizar a actividade económica.

Por isso ganhou o PS e ganhou José Sócrates.

Mas o que urge também?

Urge impor que esta elite assuma os seus erros.

Comecemos pela comunicação social – ela terá de aprender que a demagogia não cola, que as Manuelas Moura Guedes não colam, que os José Manuel Fernandes não colam e que merecem, perante a mentira que alimentaram anos a fio – o despedimento sem justa causa.

A seguir tratemos de um assunto determinante à Esquerda e de um caso essencial para o PCP – 30 anos de sindicalismo em Democracia não permite o populismo baratucho do sr Nogueira do SPRC e da FENPROF.

Ora a CGTP e o PCP, entusiasmados talvez por “jovens” como Bernardino Soares, populistas como o sr Nogueira da FENPROF, esqueceram 30 anos de experiencia sindical em Democracia, esqueceram os mais que N casos de implementação de modelos de Avaliação de Desempenho em todo o tecido económico português e alimentaram a demagogia pseudo sindical do sr Nogueira.

Resultado?

Mais 150 000 votos para o Bloco de Esquerda para mais 13 000 votos para o PCP.

O populismo baratucho só pega junto de populistas, é que mais uma vez se provou, mas bastaria ao PCP recordar-se do resultado das greves dos mineiros na Grã Bretanha e as vitórias eleitorais da sra Tatcher para não cair nesta armadilha populista do sr Nogueira.

O PCP não merece desaparecer para sustentar os srs Nogueiras deste país.

A sua tradição sindical em Democracia não merece tal.

De seguida, não esqueçamos o caso de Lisboa.

Não estamos em Unidade de Esquerda em Lisboa precisamente porque os populistas tipo Bernardino Soares e Anacleto Louçã alimentaram a esperança de um derrota eleitoral do PS nas Legislativas e, por isso, pensaram que uma coligação, em Lisboa, só favoreceria o PS.

O PS não necessitou, nem necessitava, como se viu, da Coligação em Lisboa.

Tal coligação só seria essencial para os que, como eu e como a larga maioria da Esquerda Socialista não populista, defendiam a coligação como uma importante experiencia de relacionamento à Esquerda.

Tal coligação só seria essencial num contexto que passa pela crença de que a Esquerda, sendo plural, se respeita nessa pluralidade.

Cabe pois aos populistas de Esquerda assumirem o erro da divisão à Esquerda, que afectará a quantificação da vitória de Esquerda e evidentemente a forma de gestão, à Esquerda, da Câmara Municipal de Lisboa.

Cabe à Esquerda Socialista continuar a senda da Unidade de Esquerda e defender acerrimamente a vitoria do PS em Lisboa e no País, também nas Autárquicas.

Porque a Esquerda Socialista acredita que este cenário de vitória permitirá a próxima e essencial vitória, nas Presidenciais, com Manuel Alegre.

Manuel Alegre sou afirmar-se neste momento difícil em que o objectivo foi – a destruição do PS e, claro, de José Socrates.

Soube afirmar-se porque assumiu o risco de se manter na sua Família Politica, a Socialista, onde cabem dos Reformistas às várias Esquerdas Socialistas que se afirmam no seio do PS.~

E, ao fazê-lo, se era já respeitado, passou a ser uma referência determinante para as Presidenciais, para as várias Esquerdas Socialistas.

Mas urge preparar também a próxima governação do PS.

E bem, José Socrates não privilegia ninguém, antes de dialogar com todos.

Porque vivemos uma crise mundial que só os “académicos” da Esquerda populista se recusam a ver e só alguns da Esquerda comunista se recusa a aceitar enquanto crise grave para Portugal.

Os primeiros porque vivendo enquanto académicos pensam que a crise é um folclore, e os segundos porque ainda sonham com o que já se mostrou enquanto desastre para a Humanidade.

Por isso José Socrates e bem não privilegia ninguém.

Mas também por isso a Presidência da Republica pensa que ganhará relevo nesta fase nova da vida politica portuguesa.

O que só vem realçar a necessidade da demissão da Presidência da Republica de Fernando Lima.

Continuaremos este texto, na certeza de que, muito mudou a 27 de Setembro de 2009.

Joffre Justino