Estatísticas recentemente divulgadas indicam que Portugal tem a mais baixa percentagem de estudantes que completam 12 anos de escola dos seus parceiros europeus. Em absoluto, isso é considerado um mal, por a média do nível de conhecimentos da população ser mais baixo do que dos seus parceiros europeus. Nessa ordem de ideias, seria de considerar o máximo para qualquer país que todos os seus cidadãos fossem doutorados, ou seja, tivessem uns 20 anos de escolaridade.
Será realmente um mal o facto de Portugal ter apenas 53,4% de cidadãos com o 12º ano, enquanto a média europeia é muito mais alta?
O tempo de escolaridade necessário para formar competentes trabalhadores não é o mesmo para todas as profissões. E qualquer país necessita de variados trabalhadores em profissões que exigem menos de 12 anos de escolaridade. Quantos anos são necessários para formar um pedreiro, um canalizador, um electricista, um condutor de máquinas agrícolas, um telefonista, um caixa de supermercado, um mecânico de automóveis, etc. etc. etc.? Não será mais importante para um país ter muito competentes - e, portanto, muito eficientes - trabalhadores nesses vários ofícios do que ter uma elevada percentagem de cidadãos com 12 anos de escola que não lhe dão preparação específica para exercer qualquer ofício? Eu julgo que sim e a minha proposta é que variados desses ofícios sejam ensinados nas escolas em curricula normais (e não em escolaridade à parte), tanto até ao 9º como até ao 12º anos(1). Muitos desses profissionais, como um bom electricista, um bom canalizador, etc. são bem melhor remunerados do que muitos dos actuais licenciados (internacionalmente bacharéis) que, quando conseguem emprego, mesmo na sua área, têm de se contentar com baixas remunerações. Basta ver os anúncios das secções de Emprego de alguns jornais para se ver o baixíssimo nível dos salários. É bom que os portugueses não se deixem influenciar por números e ideias que, muitas vezes, não são o que parecem ser ou o que alguns lhes atribuem
(1) - Mota, Miguel. “O ensino da engenharia e a Declaração de Bolonha”. Ingenium (Revista da Ordem dos Engenheiros) Nº 65, Fevereiro 2002.
NOTA 1 - Num artigo sobre a educação na Grã Bretanha, publicado na "Newsweek" de 10 e 17 de Agosto de 2009, defende-se algo semelhante ao que aqui se propõe.
NOTA 2 - Este artigo foi escrito muito antes da publicação da Lei da Escolaridade Obrigatória de 12 anos. O autor mantém todas as suas opiniões.
Será realmente um mal o facto de Portugal ter apenas 53,4% de cidadãos com o 12º ano, enquanto a média europeia é muito mais alta?
O tempo de escolaridade necessário para formar competentes trabalhadores não é o mesmo para todas as profissões. E qualquer país necessita de variados trabalhadores em profissões que exigem menos de 12 anos de escolaridade. Quantos anos são necessários para formar um pedreiro, um canalizador, um electricista, um condutor de máquinas agrícolas, um telefonista, um caixa de supermercado, um mecânico de automóveis, etc. etc. etc.? Não será mais importante para um país ter muito competentes - e, portanto, muito eficientes - trabalhadores nesses vários ofícios do que ter uma elevada percentagem de cidadãos com 12 anos de escola que não lhe dão preparação específica para exercer qualquer ofício? Eu julgo que sim e a minha proposta é que variados desses ofícios sejam ensinados nas escolas em curricula normais (e não em escolaridade à parte), tanto até ao 9º como até ao 12º anos(1). Muitos desses profissionais, como um bom electricista, um bom canalizador, etc. são bem melhor remunerados do que muitos dos actuais licenciados (internacionalmente bacharéis) que, quando conseguem emprego, mesmo na sua área, têm de se contentar com baixas remunerações. Basta ver os anúncios das secções de Emprego de alguns jornais para se ver o baixíssimo nível dos salários. É bom que os portugueses não se deixem influenciar por números e ideias que, muitas vezes, não são o que parecem ser ou o que alguns lhes atribuem
Miguel Mota
(1) - Mota, Miguel. “O ensino da engenharia e a Declaração de Bolonha”. Ingenium (Revista da Ordem dos Engenheiros) Nº 65, Fevereiro 2002.
NOTA 1 - Num artigo sobre a educação na Grã Bretanha, publicado na "Newsweek" de 10 e 17 de Agosto de 2009, defende-se algo semelhante ao que aqui se propõe.
NOTA 2 - Este artigo foi escrito muito antes da publicação da Lei da Escolaridade Obrigatória de 12 anos. O autor mantém todas as suas opiniões.