14/08/2009

poema declamado

Sinto Vergonha de Mim

  • Sinto vergonha de mim
  • Por ter sido educador de parte desse povo,
  • Por ter batalhado sempre pela justiça,
  • Por compactuar com a honestidade,
  • Por primar pela verdade
  • E por ver este povo já chamado varonil
  • Enveredar pelo caminho da desonra.

  • Sinto vergonha de mim
  • Por ter feito parte de uma era
  • Que lutou pela democracia,
  • Pela liberdade de ser
  • E ter que entregar aos meus filhos,
  • Simples e abominavelmente
  • A derrota das virtudes pelos vícios,
  • A ausência da sensatez
  • No julgamento da verdade,
  • A negligência com a família ,
  • Célula-mater da sociedade,
  • A demasiada preocupação
  • Com o "eu" feliz a qualquer custo,
  • Buscando a tal felicidade
  • em caminhos eivados de desrespeito
  • para com o seu próximo.

  • Tenho vergonha de mim
  • Pois faço parte de um povo
  • Que não reconheço,
  • enveredando por caminhos
  • Que não quero percorrer...

  • Tenho vergonha da minha impotência,
  • Da minha falta de garra,
  • Das minhas desilusões
  • E do meu cansaço.
  • Não tenho para onde ir
  • Pois amo este meu chão,
  • Vibro ao ouvir meu hino
  • E jamais usei a minha Bandeira
  • Para enxugar o meu suor
  • Ou enrolar meu corpo
  • Na pecaminosa manifestação
  • De nacionalidade.

  • Ao lado da vergonha de mim,
  • Tenho tanta pena de ti,
  • Povo brasileiro.

Cleide Canton

  • "De tanto ver triunfar as nulidades,
  • De tanto ver prosperar a desonra,
  • De tanto ver crescer a injustiça,
  • De tanto ver agigantarem-se os poderes
  • Nas mãos dos maus,
  • O homem chega a desanimar da virtude,
  • A rir-se da honra,
  • A ter vergonha de ser honesto".

Rui Barbosa

A declamação de Rolando Boldrim é da poesia que segue (que tanto é oportuna para o Brasil, como para Portugal… com tantos casos conhecidos..)
A declamação é fantástica.

Mário Russo