06/07/2009

Rato cabreira justifica roubo a pobres deste país


Mário Russo


A defesa do ambiente deve ser um imperativo de todos e não apenas de quem se julga proprietário da natureza e em seu nome actua, como parece ser com muitas pessoas que se denominam de ambientalistas.

Há que reconhecer que o trabalho de muitas organizações de defesa do ambiente teve um papel importante na consciencialização para estas problemáticas, mas não apenas, porque ao nível da comunidade científica de há muito se vêm produzindo trabalhos científicos de relevância em prol da despoluição do ar, da água, do solo e das espécies vegetais e animais.
Por isso, remeter apenas para ONGs mediáticas esse papel de consciencialização é redutor. Mas urge pôr um cobro ao exagero de algumas situações perpetradas por tais “fundamentalistas”.

A mais recente é o gasto de 7 milhões de euros para pretensamente preservar uma espécie de rato que é endémica na península ibérica, o rato cabreira, sem que haja provas científicas evidentes que a construção de viaduto num trecho da auto-estrada seja a única forma de preservar tal roedor, que pelos vistos deve padecer também de cegueira.
A empresa concessionária da empreitada acha muito bem e nem poderia ser diferente. Se vai ter uma facturação de mais 7 milhões de euros de obras, até poderia ser setenta milhões que continuava a dizer muito bem.

O que me escandaliza é a falta de prudência, que seria exigível em tempo de vacas gordas, porque delapidar o dinheiro dos contribuintes com “chinesices” já seria criminoso, quanto mais em tempos de escassez de recursos e com mais que duvidosa eficácia ou necessidade.

Gastar um ou dois por cento do investimento para preservar a qualidade da água, do solo, do ar, do património animal ou vegetal, sempre que a situação o justifique, é louvável e deve ser feito, como é evidente. Agora, gastar-se 7 milhões para “preservar” um rato, que vive numa área muito vasta e em que o tal trecho de estrada ocupa apenas menos de 0,0087% do tal território é de bradar aos céus. Haveria logo os roedores, por cisma, virem todos para este troço da auto-estrada (talvez para experimentar os seus bólides).

Dinheiro jogado ao lixo, que poderia alimentar por 2 anos uma comunidade pobre de mais de 4000 pessoas? É um insulto à pobreza deste país. Será que o governo anda a dormir?

Os xiitas que propõem uma medida deste dislate ante a impávida e serena complacência do ministro do Ambiente (existe?) deveriam ser chamados à responsabilidade pelos actos que cometem. Chega de abusos de senhores que se apropriam do ambiente e da natureza, parecendo inclusive que esta lhes pede licença para responder a estímulos exteriores.