15/06/2009

UM HÁBITO QUE SE AVIZINHA


José Magalhães

Em pouco mais que uma semana, o Grande Irmão, Admirável Líder do povo Português, sofreu um valente revés.
Admirado por todos, adulado pela maioria, venerado por muitos, este nosso Primeiro era o melhor dos melhores, o “créme de la créme”, o Admirável Líder. Em todos os jornais e televisões, ou quase, saíam diariamente notícias que o elevavam à categoria suprema de indefectível na liderança da governação Portuguesa. Antes e durante a campanha para as eleições Europeias, as sondagens mais pessimistas davam-lhe uma vitória por larga margem, deixando o segundo classificado a grande distância. Nestas eleições, não concorria directamente, mas empenhou-se a fundo nelas, de modo a que o ganho ou a perda, só a ele se poderiam assacar.
Perdeu. Perdeu na única sondagem certa e verdadeira. Perdeu por muitos votos de diferença, tantos ou mais que os que as sondagens lhe davam de vitória. E o impensável aconteceu. A mesma imprensa que o elevava, a mesma imprensa e restantes meios de comunicação social que o adulavam e achavam que nunca poderia perder, passaram a detestá-lo e passaram a considerá-lo um perdedor, ignorando-o cada vez mais, pouco faltando para o apelidarem de execrável.
Que se poderá chamar a quem muda tão repentinamente de ideias, mesmo que com razões para o fazer?
Algo que bóia e fede, poderia ser uma das respostas, no entanto prefiro uma outra, a de alguém que foi tardiamente iluminado, e que agora diz “eu era cego, mas agora já vejo, aleluia!”