É já com grande preocupação que encaro os dias de hoje. Dia após dia vejo e revejo a precariedade e ridiculariedade da sociedade em que vivemos. Violência atrás de violência, roubos atrás de roubos, agressões, violações, intimidações, crime...tudo aquilo pelo que muitos dos nossos antepassados aos longos dos tempos lutaram...muito daquilo pelo que, muitos de nós ainda hoje vivos, no dia 25 de Abril de 1974 lutaram, cair num vazio sem fundo.
Arrisco-me a dizer até, que foram apenas meros actos cujas muitas consequências práticas são hoje nulas. A luta contra um regime opressor toma hoje em dia outra face. Vejo cada vez mais jovens e adultos sem consciência social, vejo cada vez mais pessoas de braços cruzados entregues ao desespero e à tolerância, vergados à força da actualidade de quem nada pode fazer.
Vejo e ouço em todos os noticiários palavras que nunca deveriam passar de pensamentos (e a sê-los, completamente descabidos), como o incitar contra as forças da autoridade e o desprezo para com estas. Penso no que irá ser o nosso futuro. Penso em que tipo de mundo, em que tipo de país, terão as nossas gerações futuras um lugar. Se já em mim existe o receio dos dias de hoje, com o caminho que percorremos, ainda mais receio tenho dos dias futuros nos quais os meus filhos viverão.
Ouço os próprios policias a dizer, que infelizmente, nada podem fazer. Que mesmo sendo estes a autoridade, não têm liberdade e direito para a impor. Ouço-os mesmo a dizerem que às vezes preferem ignorar, evitar e mesmo se calhar parar (ou seja, poderiam tentar fazê-lo), certas situações, não por vontade, mas por receio das consequências. Não têm poder para o fazer. Vivemos hoje dias de grande preocupação, dias em que muitos de nós não temos consciência de estar a viver. Estamos em crise. Não só em crise económica, mas também em crise social. E se já o era preocupante uns anos atrás, com esta conjuntura actual, mais preocupante fica. Esta situação irá agravar-se mais e mais, sem nunca parar, se nada fizermos para o impedir. Vemos estabelecimentos de pessoas que dedicaram muito das suas vidas ao mesmo, serem vandalizados e roubados por pessoas sem escrúpulos.
Vemos pessoas que lutam e lutaram, serem ridicularizadas pela impotência que têm perante tais actos, de pessoas que nada fazem a não ser viver às custas do suor dos outros. Vemos pessoas que lutaram, ficarem sem os seus bens, entregues à miséria de quem deles tudo tirou, sem nenhuma preocupação ou moral. Vivemos num país sem lei, vivemos num país sem ordem, vivemos num país onde nada se faz para combater esta situação, vivemos num país que está a perder o controlo, de uma situação que há muito deveria ter sido controlada.
Vemos as nossas forças de autoridade serem ironizadas, massacradas, agredidas, vemos as pessoas que realmente tentam colocar não só as suas vidas, mas também um país inteiro para a frente, perderem os seus filhos, perderem os seus bens, perderem uma vida inteira de sacrifício, trabalho, empenho e dedicação. Vemos a nossa liberdade e direitos ser colocada em causa a qualquer altura do dia. Mas nada fazemos...e quando o faremos? Quando for tarde demais para o fazer? Os nossos jovens, os nossos próprios filhos, têm já receio de andar à noite à porta de casa. É este o mundo em que desejamos viver?
Assaltos, agressões, assassinatos, violações, tráfico de droga, crime organizado...e as penalizações para a prática de tudo isto? Não existem? É certo que estes casos existem em quase todos os países, mas quantos dos mais civilizados países têm penas tão leves como as nossas? Afinal, que exemplos queremos seguir? Quantos deles têm pena máxima de 25 anos? Nenhum. Como o próprio actual presidente dos Estados Unidos disse, "Portugal tem de ter muito cuidado...Portugal é um país de mansos". Mas queremos cair na realidade de um Brasil, de uma Venezuela, Argentina, Colômbia ou México? Será que é preciso que algo de realmente importante aconteça, que alguém realmente importante seja vitima de tais actos, para que algo mude? E os filhos dos outros? Não têm os mesmos direitos? E os meus filhos? E os vossos filhos? E os meus e os vossos netos?
( continua )
António Camões
Arrisco-me a dizer até, que foram apenas meros actos cujas muitas consequências práticas são hoje nulas. A luta contra um regime opressor toma hoje em dia outra face. Vejo cada vez mais jovens e adultos sem consciência social, vejo cada vez mais pessoas de braços cruzados entregues ao desespero e à tolerância, vergados à força da actualidade de quem nada pode fazer.
Vejo e ouço em todos os noticiários palavras que nunca deveriam passar de pensamentos (e a sê-los, completamente descabidos), como o incitar contra as forças da autoridade e o desprezo para com estas. Penso no que irá ser o nosso futuro. Penso em que tipo de mundo, em que tipo de país, terão as nossas gerações futuras um lugar. Se já em mim existe o receio dos dias de hoje, com o caminho que percorremos, ainda mais receio tenho dos dias futuros nos quais os meus filhos viverão.
Ouço os próprios policias a dizer, que infelizmente, nada podem fazer. Que mesmo sendo estes a autoridade, não têm liberdade e direito para a impor. Ouço-os mesmo a dizerem que às vezes preferem ignorar, evitar e mesmo se calhar parar (ou seja, poderiam tentar fazê-lo), certas situações, não por vontade, mas por receio das consequências. Não têm poder para o fazer. Vivemos hoje dias de grande preocupação, dias em que muitos de nós não temos consciência de estar a viver. Estamos em crise. Não só em crise económica, mas também em crise social. E se já o era preocupante uns anos atrás, com esta conjuntura actual, mais preocupante fica. Esta situação irá agravar-se mais e mais, sem nunca parar, se nada fizermos para o impedir. Vemos estabelecimentos de pessoas que dedicaram muito das suas vidas ao mesmo, serem vandalizados e roubados por pessoas sem escrúpulos.
Vemos pessoas que lutam e lutaram, serem ridicularizadas pela impotência que têm perante tais actos, de pessoas que nada fazem a não ser viver às custas do suor dos outros. Vemos pessoas que lutaram, ficarem sem os seus bens, entregues à miséria de quem deles tudo tirou, sem nenhuma preocupação ou moral. Vivemos num país sem lei, vivemos num país sem ordem, vivemos num país onde nada se faz para combater esta situação, vivemos num país que está a perder o controlo, de uma situação que há muito deveria ter sido controlada.
Vemos as nossas forças de autoridade serem ironizadas, massacradas, agredidas, vemos as pessoas que realmente tentam colocar não só as suas vidas, mas também um país inteiro para a frente, perderem os seus filhos, perderem os seus bens, perderem uma vida inteira de sacrifício, trabalho, empenho e dedicação. Vemos a nossa liberdade e direitos ser colocada em causa a qualquer altura do dia. Mas nada fazemos...e quando o faremos? Quando for tarde demais para o fazer? Os nossos jovens, os nossos próprios filhos, têm já receio de andar à noite à porta de casa. É este o mundo em que desejamos viver?
Assaltos, agressões, assassinatos, violações, tráfico de droga, crime organizado...e as penalizações para a prática de tudo isto? Não existem? É certo que estes casos existem em quase todos os países, mas quantos dos mais civilizados países têm penas tão leves como as nossas? Afinal, que exemplos queremos seguir? Quantos deles têm pena máxima de 25 anos? Nenhum. Como o próprio actual presidente dos Estados Unidos disse, "Portugal tem de ter muito cuidado...Portugal é um país de mansos". Mas queremos cair na realidade de um Brasil, de uma Venezuela, Argentina, Colômbia ou México? Será que é preciso que algo de realmente importante aconteça, que alguém realmente importante seja vitima de tais actos, para que algo mude? E os filhos dos outros? Não têm os mesmos direitos? E os meus filhos? E os vossos filhos? E os meus e os vossos netos?
( continua )
António Camões