Mário Russo
A sede do Movimento cívico que apoia a candidatura de Narciso Miranda (NM) à Câmara Municipal de Matosinhos foi muito pequena para os cerca de um milhar de pessoas que lá se deslocaram para o incentivar nesta caminhada árdua.
Com efeito, o caminho vai ser duro e terá de travar algumas batalhas contra tudo e todos, como ontem mesmo ficou demonstrado no debate que Joaquim Jorge, do Clube dos Pensadores, proporcionou sobre Matosinhos, com Guilherme Pinto, onde um controleiro do PS, em pleno debate, “convidou” a sair do partido o Presidente da Junta de Freguesia de Leça apenas porque este prefere apoiar NM, um socialista de longa data.
A falta de liberdade, o estado controleiro e medíocre que se vivia e, sobretudo, a falta de debate qualitativo no PS, me fez há bastante tempo devolver o respectivo cartão. Porém, o episódio de ontem excede tudo o que um dia idealizei para o meu PS.
Narciso Miranda era o autarca modelo da autarquia modelo do país, até que este PS arranjou maneira de o travestir de demónio, como se fosse portador de alguma doença contagiosa. Apesar da grande traição visível por qualquer um, Narciso Miranda aceitou não ser o candidato à Câmara. A pergunta lógica é porque é que Matosinhos se eclipsou? Porque não tem protagonismo na área metropolitana? Porque é que claudicou perante os poderes que emanam da capital (nível partidário e político)?
Reuniram-se esta tarde com Narciso muitas pessoas de vários quadrantes que manifestaram o seu desagrado pela forma como o município está a desenvolver-se muito pouco. Narciso, vibrante e em grande forma, disse que as pessoas sabem que não se deixa abater nas lutas que trava. Que não podia ficar indiferente diante do definhar do seu concelho. Para ele, os empréstimos bancários da Câmara não podem servir para pagar despesas correntes, mas para fazer obras necessárias aos matosinhenses. Disse que as pessoas sabem que ele é rigoroso no controlo do dinheiro que é de todos, para servir a todos.
Narciso Miranda não precisa do meu apoio, mas eu tenho memória e não é por ter algumas divergências estratégicas pontuais, que não tenha a convicção que não é apenas Matosinhos que precisa de NM, mas o Norte todo. Narciso realçou o que este interregno lhe proporcionou em reflexão. Já o havia dito do debate do Clube dos Pensadores. Por isso estou com Narciso Miranda. Espero que não responda a provocações, porque seguramente as terá. Sócrates não vai dar de barato que fique sem este município. Não responder a ataques “baixos” será um ganho político para NM.
Penso, também, que há tempo para Narciso Miranda constituir uns “Estados Gerais Autárquico” composto de cidadãos de vários quadrantes de actividade com provas dadas para discutir abertamente uma plataforma programática que aprofunde o seu pensamento sobre a cidade e a área metropolitana do Porto.