31/03/2009

FREEPORTGATE


José Magalhães

Como se nada fosse, o povo Português assiste impávido e sereno à novela do caso Freeport.
Pelo que se vai sabendo, ou pelo que se julga que se sabe, estamos a falar de suborno, de dinheiro que alguém pagou e outro(s) alguém recebeu para que se licenciasse uma obra que não o deveria ter sido.
Pelo que se vai sabendo, ou pelo que se fala, estamos a falar de leis e de direitos que alguém, porque possivelmente recebeu dinheiro que não poderia nem deveria ter recebido (fala-se em quatro milhões de euros, pagos aos bocadinhos para não dar nas vistas), esqueceu e das quais fez tábua rasa, para que outro alguém pudesse ganhar milhões de euros de mais valias e de lucros indevidos.
Pelo que se vai sabendo, ou pelo que se diz à boca cheia, estamos a falar do envolvimento de um membro do governo, ministro à altura dos acontecimentos e Primeiro ministro na actualidade.
Ninguém sabe ao certo, porque ninguém nos diz, e também porque ninguém se acusa, se é verdadeiro esse envolvimento. Mas aos poucos vai-se adensando a nuvem que cobre este nosso governante, que cada vez mais se mostra revoltado com a situação. Mas o homem é perito em mudar o nome e as cores das coisas e das situações. E a história do menino pastor e do lobo, todos a conhecemos.
O que mais me confunde, é a passividade do povo do meu País. Noutra altura qualquer, ou com outro qualquer personagem, já os meus concidadãos tinham saído para a rua, exigindo saber a verdade, ou a demissão do governante enquanto não se apurasse tudo direitinho. Com este, nada se ouve. Com este tudo se cala. Com este tudo e todos se dobram. Que terá ele dado ao povo? Noutras circunstâncias e noutros contextos dir-se-ia que lhe tinha dado água de c. lavado.
Agora até já se fala na possibilidade de arquivamento do caso Freeport. Fala-se de pressões sobre os magistrados que estão com o caso. O presidente do sindicato dos magistrados do ministério público pede uma audiência de urgência com o Presidente da República. Que poderá sair daí?
Todo este caso cheira mal, e a campanha dita negra, só o é se se revelar que tudo é uma mentira. Até lá não há campanha de cor alguma, seja ela branca, cinzenta ou negra.
Tudo isto é um espelho do nosso País.
Tudo isto me dá vomição.