12/03/2009

Como sair da grave Crise ?


Mário Russo

Não sei. Milhões de pessoas vivem situação dramática. Os relatos são comoventes. Os experts ou condenam ou aplaudem as medidas que estão em curso. Há uma névoa sobre tudo. Uma incerteza do tamanho do mundo. Tudo isto me tem feito reflectir profunda e até angustiantemente.

Com efeito, os bancos centrais têm deitado fortunas nos bancos falidos, mas o dinheiro não chega à economia real. As pessoas estão pessimistas. Nós não sabemos de nada, porque tudo é discutido no segredo das salas de reuniões. Nada transparece. Ficamos todos à espera de notícias de uma qualquer reunião de um G8, G20, Davos, etc., que nos traga uma luz. E nada.
Pergunta-se, e bem, se é solução insistir em “derramar” dinheiro sobre bancos falidos, quando não se vêm resultados? Fará sentido manter os ladrões que arruinaram essas instituições? Não será melhor deixar "morrer" esses bancos “zumbis”? criando imediatamente bancos estatais que fizessem com que essa dinheirama, em vez de ir para o ralo, pudesse chegar à economia real?

São muitas as dúvidas. Mas sei que assim não dá. Sei também que é estranho que uma crise global, alimentada pela falta de confiança, não seja motivo da maior reflexão participada do Planeta para se poder restabelecer a confiança necessária para a caminhada.

Julgo, por isso, que se deve chamar o mundo inteiro, cujo desafio é à escala de um YOUTUBE. Literalmente pondo-se toda a gente a discutir soluções. Simpósios com a participação de políticos, governantes, cientistas, povo. Sim, o povo, meus senhores, respeitando-se as contribuições de todos, na medida da capacidade de cada um. A iniciativa deve ser dos governos, coordenadas pela UE e pela ONU.
É uma loucura? Se for, é certamente bem menor que a que fez todo este mal, quiçá irremediável para milhões de milhões.

Pela primeira vez deve assumir-se que sendo uma crise global gravíssima, só com a participação efectiva de todos, de modo que todos se sintam verdadeiramente representados e com voz nas soluções, se traçará o caminho de confiança e de regresso.

Continuar a discutir nos “calabouços” e corredores do poder, no segredo dos deuses como se fosse um tesouro para poucos, só contribui para a desconfiança que a surpresa muitas vezes traz.