14/02/2009

CONFIANÇA


Joaquim Jorge



De acordo com um estudo European Trust Brands 2009 , divulgado pela revista Reader´s Digest , só um por cento declara ter muita ou bastante confiança nos políticos.

Os portugueses em quem mais confiam por ordem decrescente são nos bombeiros ( 93%) , pilotos de aviação (92%), farmacêuticos ( 90%) , médicos ( 84%) , agricultores ( 79%) , professores ( 78%) , policias ( 63%) , meteriologistas ( 59%) e sacerdotes ( 49%) . No fim do top 20 estão os vendedores de automóveis ( 9%) e políticos ( 1%).
Os sinais sentem-se na sociedade portuguesa , talvez se os políticos fizessem um exame de consciência e tirassem as devida ilações da sua conduta. Uma das cicatrizes ( defeitos , impurezas ) da nossa democracia é a tentação de utilizar a rede do poder para engendrar clientelas fiéis em função de um intercâmbio de voto. A culpa é sempre dos outros . A classe política com os seus comportamentos e atitudes tem levado ao divórcio entre os cidadãos e os políticos . E a melhor forma de incutir confiança e respeito é « o exemplo do nosso poder tem que ser igualado pelo poder do nosso exemplo», as instituições públicas estarem ao serviço das pessoas e não aos interesses e objectivos particulares e partidários . Há gente que já perdeu a fé nos políticos e no país . Estão fartos de sorrisos brancos , fatos escuros , interesses obscuros , demagogia , broncas e insultos. Um palavreado contínuo , uma retórica brilhante vazia de conteúdo e inacção.
Como diz Michel Maffesoli , « o politico é o contrário do que é a democracia ; agora são uns poucos , uma aristocracia , quem governa» . Esta saturação e insurgência para com os partidos e políticos além de levar à indiferença pode levar à ruptura do sistema. Não deixa de ser curioso que os bombeiros , a maioria exerce esta profissão em regime de voluntariado com poucas ou nenhumas benesses é a mais reconhecida e com maior confiança dos portugueses ao contrário dos políticos , a maioria em regime efectivo com muitas e enormes benesses não têm a confiança e o reconhecimento dos portugueses.