Ao tentar abordar um tema desta natureza O Clube dos Pensadores correria sempre um de dois riscos que se cruzam e potenciam mutuamente. Ou seria simplificador, mesmo sem ser simplista e logo seria possível, sem malícia e com rigor, apontar-se o dedo julgador que nos atira, sem mais, para a terra onde jazem, escondidos, envergonhados e sem remissão, os “ diseurs de banalités ”. Ou, ao invés, enveredaria por um discurso crítico, denso, complexo, de múltiplas referências e também, de imediato, se ouviriam vozes, mesmo que silenciosas, que diriam subjectivamente ou não: «que aborrecimento»; «que pesadelo»; ou até «o que é que ele quis dizer?».
Ora, entre Cila e Caríbdis, risco por risco, O Clube dos Pensadores preferiu, então, correr um ainda maior. De sorte que tinha decidido avançar por essa linha subtil que se insinua ou caracteriza como o lugar privilegiado onde se conjugam, em perfeita harmonia, a formulação clara e precisa, sem deixar de ser densa, e a análise crítica forte e profunda, sem deixar de se expressar pela limpidez e leveza do discurso. Ousou, pois, calcorrear esta última vereda crente, todavia, no benévolo juízo de todos os que deram a honra de ouvir Alberto João Jardim.
Do debate, o que é que resultou, que consequências teve? A mais imediata e imperiosa das consequências do debate foi a reflexão. Aquela que muitas vezes se perde nos queixumes do dia-a-dia. Fez pensar! Reflectir nos actos, nos caminhos que trilhamos, nas pessoas com quem nos relacionamos, nas decisões que tomamos. É sempre bom encontrar alguém que nos faz parar para simplesmente pensar, como se fosse uma coisa de extrema dificuldade e, afinal, revela-se tão simples como respirar, comer, etc. Haja sempre alguém que nos lembre de pensar, e melhor será se pensar connosco, como foi o que aconteceu. Pois bem, reflectir no sistema constitucional que temos, nas suas vicissitudes e defeitos, mas também nas suas grandes qualidades, principalmente no que diz respeito aos Direitos, Liberdades e Garantias dos Portugueses. Fez pensar no papel dos partidos políticos e na inércia ou dificuldade em implementar medidas político-constitucionais que não obstem ao desenvolvimento do País e da satisfação das necessidades dos cidadãos. A Constituição da República Portuguesa (CRP) não pode ser uma “Bíblia”, onde por crença depositamos nela todas as nossas esperanças de salvação. A CRP carece de adaptação aos novos tempos e desafios que agora emergem, mais precisamente no que à organização política, à separação e interdependência de poderes diz respeito.
Depois, veio o contraditório, momento saudável de catarse dos receios e dúvidas dos presentes, sem que a sala se tornasse numa Casa de orates. Proporcionou-se o diálogo como se estivéssemos entre amigos, onde se respirou a serena espontaneidade e diafaneidade do auditório sem que se descurasse o sentido crítico, cuidado e responsável que o tema exigia e que continuará a exigir.
E no fim?! Ah, no fim, foi como se tivéssemos ido provar de um verdadeiro repasto. A satisfação era geral e a digestão do debate prometia ainda umas boas horas, senão dias.
Com todo o mérito, o Clube dos Pensadores está de PARABÉNS. Mais um objectivo alcançado, mais um desafio ganho, mais um triunfo no currículo.
Segundo Dahrendorf, a sociedade civil quando se organiza, é realmente «civil, até civilizada, e isto requer homens e mulheres que respeitem os outros, mas, mais importante ainda, que sejam capazes e queiram fazer coisas por si próprios, se necessário associando-se a outros, homens e mulheres confiantes que não tenham medo e não tenham razão para ter medo».
Ricardo Esteves
Ora, entre Cila e Caríbdis, risco por risco, O Clube dos Pensadores preferiu, então, correr um ainda maior. De sorte que tinha decidido avançar por essa linha subtil que se insinua ou caracteriza como o lugar privilegiado onde se conjugam, em perfeita harmonia, a formulação clara e precisa, sem deixar de ser densa, e a análise crítica forte e profunda, sem deixar de se expressar pela limpidez e leveza do discurso. Ousou, pois, calcorrear esta última vereda crente, todavia, no benévolo juízo de todos os que deram a honra de ouvir Alberto João Jardim.
Do debate, o que é que resultou, que consequências teve? A mais imediata e imperiosa das consequências do debate foi a reflexão. Aquela que muitas vezes se perde nos queixumes do dia-a-dia. Fez pensar! Reflectir nos actos, nos caminhos que trilhamos, nas pessoas com quem nos relacionamos, nas decisões que tomamos. É sempre bom encontrar alguém que nos faz parar para simplesmente pensar, como se fosse uma coisa de extrema dificuldade e, afinal, revela-se tão simples como respirar, comer, etc. Haja sempre alguém que nos lembre de pensar, e melhor será se pensar connosco, como foi o que aconteceu. Pois bem, reflectir no sistema constitucional que temos, nas suas vicissitudes e defeitos, mas também nas suas grandes qualidades, principalmente no que diz respeito aos Direitos, Liberdades e Garantias dos Portugueses. Fez pensar no papel dos partidos políticos e na inércia ou dificuldade em implementar medidas político-constitucionais que não obstem ao desenvolvimento do País e da satisfação das necessidades dos cidadãos. A Constituição da República Portuguesa (CRP) não pode ser uma “Bíblia”, onde por crença depositamos nela todas as nossas esperanças de salvação. A CRP carece de adaptação aos novos tempos e desafios que agora emergem, mais precisamente no que à organização política, à separação e interdependência de poderes diz respeito.
Depois, veio o contraditório, momento saudável de catarse dos receios e dúvidas dos presentes, sem que a sala se tornasse numa Casa de orates. Proporcionou-se o diálogo como se estivéssemos entre amigos, onde se respirou a serena espontaneidade e diafaneidade do auditório sem que se descurasse o sentido crítico, cuidado e responsável que o tema exigia e que continuará a exigir.
E no fim?! Ah, no fim, foi como se tivéssemos ido provar de um verdadeiro repasto. A satisfação era geral e a digestão do debate prometia ainda umas boas horas, senão dias.
Com todo o mérito, o Clube dos Pensadores está de PARABÉNS. Mais um objectivo alcançado, mais um desafio ganho, mais um triunfo no currículo.
Segundo Dahrendorf, a sociedade civil quando se organiza, é realmente «civil, até civilizada, e isto requer homens e mulheres que respeitem os outros, mas, mais importante ainda, que sejam capazes e queiram fazer coisas por si próprios, se necessário associando-se a outros, homens e mulheres confiantes que não tenham medo e não tenham razão para ter medo».
Ricardo Esteves