03/12/2008

OS AEROPORTOS , A PRIVATIZAÇÃO DA ANA E OS TERRENOS DA PORTELA


O Governo pretende, em 2009, privatizar a empresa ANA-Aeroportos que, no ano de 2007, gerou lucros de 48 milhões de Euros. Explorar aeroportos é um negócio fácil enquanto que gerir companhias aéreas é um negócio arriscado devido à forte concorrência do mercado.Em declarações recentes à agência Lusa vários economistas não aconselharam privatizações em tempos de crise porque as receitas obtidas poderão ser muito inferiores aos valores esperados. Segundo o ex-ministro das Finanças do PSD, Eduardo Catroga, "o Estado, para defesa dos contribuintes, não deve vender em períodos de baixa", sublinhou. Também o economista e ex-ministro do PS, Daniel Bessa, defendeu um adiamento das privatizações previstas para 2009 porque com as actuais condições de mercado "não há nada que possa ser vendido a não ser a desconto".A empresa Ana aeroportos é uma empresa que explora os aeroportos nacionais e integra um conjunto de empresas do sector da aviação ANAM, Portway, ADA e NAER.A ANA, nos últimos anos, efectuou investimentos avultados no Aeroporto da Madeira e no Porto e nos próximos anos o mesmo se passará na Portela e em Faro. No Funchal investiram-se cerca de 500 milhões de Euros (fundos comunitários + verbas da ANA e ANAM e do Governo regional). No Porto, já foram gastos mais de 300 milhões de Euros (no início só estava projectado investir-se 60 milhões) e, em Lisboa, estão previstos serem gastos 400 milhões de Euros que serão perdidos com o fecho da Portela. A Portela é rentável e, actualmente, os seus lucros financiam outros aeroportos nacionais que dão prejuízo. O Governo tem dito que a empresa que ganhar a privatização da ANA terá a concessão, exploração e construção do novo aeroporto de Lisboa.Ou seja, o Estado irá perder as actuais receitas, durante várias décadas, de uma empresa que todos anos contribui para o Orçamento Geral do Estado que reverterá para o operador privado que ganhar a privatização da ANA. A perda de uma receita é sempre um prejuízo.Privatizar os principais aeroportos de Portugal não é propriamente o mesmo que privatizar uma empresa qualquer. Entregar a exploração dos três principais aeroportos portugueses a um privado, evidentemente que é uma questão de soberania nacional. Se um operador estrangeiro ficar com os principais aeroportos nacionais quem pode garantir que os interesses nacionais vão ser defendidos? Até pode acontecer que o operador vencedor seja nacional mas, mais tarde, vender a sua posição a um concessionário estrangeiro.

Rui Rodrigues