Formação pode combater crise no futebol
Mesmo em tempo de crise, uma coisa é certa: o futebol "move paixões". Quando as notícias sobre o "desporto-rei" não são as melhores, como "apitos dourados" e salários em atraso, a saída para a crise no futebol português é a formação.
Esta foi a principal ideia que surgiu no debate organizado esta segunda-feira, em Gaia, pelo Clube dos Pensadores, que contou com a presença de Vítor Baía (antigo guarda-redes e actual director das Relações Externas do FC Porto), José Guilherme Aguiar (vereador da Câmara Municipal de Gaia e comentador desportivo), Joaquim Jorge ( moderador e fundador do Clube dos Pensadores) e Guimarães Teixeira (economista e membro do clube).
Vítor Baía ressaltou que o futebol ainda tem "uma imagem positiva" e que "o melhor continuam a ser os jogadores". O antigo guarda-redes assumiu que a formação "é o futuro de todos os clubes portugueses". Por isso, "o meu clube está a preparar-se de uma forma organizada para combater financeiramente o que vamos ter no futuro".
Vítor Baía realçou que "a competência dos jogadores é importante" e que "ser jogador do FC Porto é exigente. Isso sente-se na forma de querer ganhar a todo o momento". No entanto, o director das Relações Externas dos "azuis e brancos" que há escassez de jogadores portugueses na primeira liga, muito devido "à globalização. Quanto à forma como a nossa sociedade viver esta paixão, Vítor Baía focou "a cultura latina" portuguesa e "que o árbitro é sempre o alvo principal.
Fazendo uma resenha histórica desde o futebol amador "que era jogado pelas elites" até ao futebol profissional, José Guilherme Aguiar afirmou que o "futebol é um fenómeno social", já que consegue unir a população "à volta da bandeira nacional. Tendo consciente que a formação é essencial para os desportistas, quer como atletas quer como pessoas, o vereador da autarquia gaiense realçou os investimentos da câmara na autarquia.
Já Joaquim Jorge afirmou que é "contra a clubite" e criticou a construção de dez estádios para o Euro 2004. O biólogo relembrou que "não é só no futebol que há corrupção. Também há entre a economia e a política". Acrescentou « a promiscuidade entre a política e os negócios no sector privado» , «o que se está a passar no BPN é sintomático».
Guimarães Teixeira ,em representação da sociedade civil relembrou o tempo em que jogava futebol no Infesta.
Na plateia estiveram Albertino e Folha, antigos jogadores que teceram algumas considerações sobre o futebol de hoje e o do seu tempo.
O debate foi animado com uma numerosa assistência , à volta de 300 pessoas , tendo que se abrir outra sala que funcionou em vídeo-conferência . Registar a afluência de um batalhão de jornalistas estando presentes todas as televisões.
Rui Santos
jornalista
