Crise é anormal e não se sabe se veio para ficar
O último debate da sexta série do Clube dos Pensadores debruçou-se sobre a crise económica instalada. Com um painel constituído por Miguel Beleza, economista, Ricardo Costa, jornalista, Joaquim Jorge, biólogo e fundador do Clube, e José Vitorino, economista, membro do clube , em representação da sociedade civil ,a conclusão que se pode tirar é que a crise é profunda e o Ocidente tem que tomar medidas urgentes para salvar o sistema financeiro.
Miguel Beleza preferiu assentar a sua tese em três vertentes: expectativas, felicidade da economia e economia do comportamento. O antigo Governador do Banco de Portugal salientou que a Economia assenta em "expectativas", sendo que "é impossível medir e gerir expectativas de uma forma correcta. O que fica no presente são as expectativas para o futuro. É preciso alterar as expectativas dos agentes económicos. Quanto à felicidade da economia, o antigo ministro das finanças de Cavaco Silva afirmou que está subjacente ao "aumento de bens e serviços" e ao "aumento da felicidade das pessoas tem vários patamares".
Já sobre a economia do comportamento, Miguel Beleza, sem o referir directamente, deixou no ar que está relacionado com o despesismo e com a inveja "do que o nosso vizinho tem". Sem querer adiantar soluções para terminar com a crise económico-financeira, o antigo Governador do Banco de Portugal assumiu a preferência por um "IVA alto e o IRS e IRC baixos", e que esta não é "a melhor altura para fazer grandes investimentos públicos", mas "igualar os rendimentos".
Já Ricardo Costa defendeu que esta crise possibilitou aos "governos ter nas mãos instrumentos com os quais não estavam habituados a lidar". O jornalista da SIC referiu-se à nacionalização, como um desses instrumentos, e que esta crise advém "da globalização, já que o fluxo de capitais se dá por todo o lado.
O fundador do Clube dos Pensadores afirmou que tem que "existir o reconhecimento social das profissões e Portugal tem que ser melhor do que é". Joaquim Jorge exigiu "medidas para travar a crise e diminuir a insatisfação dos portugueses. Já estávamos a definhar. É preciso voltar a ter vontade de viver, mudar o destino".
José Vitorino assentou a sua palestra na diferença da distribuição da riqueza e que era necessário "reformar Administração Central, Judicial e Educativa".
Mais uma vez com a sala cheia do Gaia Hotel, apesar de ser um dia muito chuvoso e de época de Natal, o debate foi animado e a incerteza quanto ao futuro pairou no ar.
Rui Santos