Mário Russo
Saindo um pouco do tradicional discurso economês e das mesmas receitas ditadas pelos sábios e especialistas (os mesmos que levaram a esta crise de confiança no sistema económico instituído), como homem da rua, gostaria de trilhar por outros caminhos e lançar ideias para uma discussão diferente. Falo da energia e da organização do sistema económico e financeiro, sem ser um especialista, porque esses sabemos o que receitaram e teimam em receitar.
O preço do petróleo não é regulado por princípios sérios e não passa de uma roubalheira de cartel legalizado (a UE multa a Microsoft por posição dominante, mas nada faz contra o cartel do petróleo). Como se vê, o preço de 60 USD$ o barril é a prova que não é por falta deste, mas a ganância. O primeiro passo é fomentar a concorrência, considerando ilegal a OPEP, com consequências jurídicas às desobediências.
Como resolver a questão da energia, que move o mundo, mas que pode afundá-lo? Tal como cada país tem a sua zona económica exclusiva, também ao nível do subsolo as riquezas energéticas deveriam ser distribuídas de modo diverso a partir de determinada profundidade (por exemplo 300m). Assim, o petróleo seria gerido pela ONU, controlando preços e quantidades. É difícil implementar tão drástica filosofia? Sem dúvida, mas possível, impondo sanções económicas e até militares a quem não cumprisse. Sei que se dirá que é uma estatização global. Mas não. Trata-se de uma nova visão, porque o universo não faz concessões à ignorância, como dizia R, Shaffer.
Os países do petróleo seriam detentores das infra-estruturas e receberiam os custos de exploração e uma percentagem dos lucros. As emissões gasosas poderiam ser diminuídas gradativamente com a aplicação dos lucros em programas de substituição por energias renováveis e limpas, sem pôr em causa a economia mundial, eliminando os especuladores de casino.
Outra medida a tomar para clarificar o mercado: eliminação imediata das bolsas de mercados e futuros, bolsas de cereais, bolsas de mercadorias, até um aprimoramento de modo a evitar a especulação e açambarcamento de matérias essenciais à vida, pelos grandes oligopólios que determinam a seu bel-prazer os preços, inflacionando-os, como se viu em episódio recente com os cereais. Ganhar na especulação de mercadorias é brincar com a vida de milhões e milhões, impondo-lhes a fome, por pura ganância.
Bolsa de valores: limitar as transacções à economia real, sem produtos ditos sofisticados mas que não passam de poeira. Deve ser uma forma de investir nas empresas que geram a economia real.
Os governos devem proibir a produção do biodiesel a partir de cereais para a alimentação. Foi uma medida imatura e voluntariosa embalada por ideias ecologistas com pouca adesão à realidade e sem avaliação das nefastas consequências. Não resolve a questão energética, nem a ambiental, porém ajuda a agravar a produção de bens para a alimentação humana e animal. Logo, não faz sentido insistir no erro.
São alguns contributos para criar uma atmosfera socioeconómica mais transparente e naturalmente diferente do pensamento canónico, habituado a ler pela mesma cartilha. Algum dia teremos de mudar verdadeiramente o modo de ver as coisas, se quisermos um mundo melhor e mais justo.