01/12/2008

Avaliação de professores: o impasse ?

Mário Russo

Está mais que evidente que o rumo das negociações sobre o modelo de avaliação de professores entre os sindicatos e o ministério se transformou num grave problema cuja solução é tudo, menos, fácil. Esta situação não beneficia alunos, professores, pais, governo e o país, antes pelo contrário. Provavelmente só há um ganhador: o sindicalista Nogueira, que da obscuridade, salta, num ápice, para a ribalta das notícias e ele já demonstrou que gosta deste mediatismo.

Para os professores é muito má. Pois a imagem que passa para a opinião pública é que os professores não querem ser avaliados, nem com este, nem com outro modelo de avaliação. O sindicato não tem a menor ideia de que modelo pretende. Simplesmente não tem nenhum e confunde avaliação de desempenho com progressão nas carreiras. Aliás, a progressão na carreira no ensino secundário é do tipo “tropa”. Não é por mérito, mas por tempo, quando deveria ser por concurso público nacional em que seria exigido, para cada categoria, um conjunto de requisitos de formação e de tempo de serviço. Era mais transparente e sério. Mas também poucos querem.

Para os alunos e para os seus pais, é mau, porque a escola está concentrada neste braço-de-ferro e desvia a energia dos docentes, do ensino de qualidade. Para o país é péssimo, porque perde competitividade e foco naquilo que interessa.

Aos bons professores não interessa porque perdem tempo com um modelo concebido num caldeirão de ódio por burocratas encarteirados. No entanto, para os professores medíocres é muito bom, tal como para Nogueira, que o que não querem é avaliação e ponto final. É a teoria do facilitismo agora do lado dos professores.

O modelo existente é mau. Sem dúvida. O que o ministério disse ter simplificado corresponde a algo ajustado? Não. O que foi feito não passa de um remendo, vergonhoso, porque pretende iludir a opinião pública, revelando falta de ética, quando praticamente nada mudou.

O caldo está entornado porque a ministra deu azo a que o líder da contestação esticasse ao máximo, porque já tinha visto o seu troféu de caça moribundo.

E que resta ao governo? Abdicar da avaliação (mesmo do mau modelo)? Claro que não, porque perderia toda a autoridade, que é necessário preservar, sob pena do poder cair na rua.

O governo não pode transigir e só tem uma solução: demitir a ministra e os seus secretários de estado, colocando nova equipa, com novas ideias e suficiente força para implementar a avaliação com a ampla participação de todos os intervenientes, sem abdicar desse direito.