17/10/2008

MAIS UM... ELES NÃO APRENDEM !




Os responsáveis, se é que os há, apesar de tantos exemplos por esse país fora, e em especial na AMP (Área Metropolitana do Porto), ainda não entenderam que, mais um centro comercial, só pode resultar em mais falências, mais desemprego e mais dificuldades para toda a população.
Os responsáveis, se é que o são, não olham para a história recente da nossa rede comercial, e não querem ver o número de bancarrotas dos últimos anos, nem as razões profundas e a montante das suas causas.
O declínio das pequenas e médias empresas comerciais, que se acordou chamar de comércio tradicional, começou ao mesmo tempo que o nascimento das grandes superfícies comerciais. Estas, colocadas estrategicamente à entrada das cidades, sugam os potenciais compradores, impedindo-os de chegarem ao comércio de rua. Ao longo dos anos, foram crescendo como cogumelos, na mesma proporção em que iam definhando as lojas, pequenas e médias, desde que de comércio dito tradicional.
O vácuo existente na cabeça de quem não sabe pensar, fez, e continua a fazer aprovar investimentos de milhões de euros, que a curto ou médio prazo acabam com as estruturas que fazem mover a nossa economia (pequeno e médio comércio).
As falências sucedem-se, o desemprego aumenta, a fome espreita.
Por arrastamento, a indústria, que vive essencialmente do pequeno comerciante, sofre e fecha as portas. E, o desemprego aumenta, e a fome instala-se.
Com a abertura de mais um centro comercial, enorme, com as mesmas lojas (marcas internacionais e franchising) que as outras dezenas de centros comerciais, cava-se mais fundo o fosso que, se transposto, permitiria a salvação de muitas pequenas empresas.
Há oferta a mais para a nossa população e para as capacidades económicas da nossa região, e não serão os eventuais clientes espanhóis, esperados como essenciais, que irão salvar este novo “Marshopping” de ter, à semana, vazio de pessoas, e aos fins-de-semana, vazio de compradores.
Como em todos os outros centros comerciais, vamos encontrar um mundo de gente, aos sábados e domingos, preferencialmente de tarde, vestidos a rigor, com fatos de treino novos e/ou moderadamente lavados, a passear pelos corredores, olhando distraídos as montras, e gritando para as pequenas “Kátias Vanessas” e os pequenos “Marcos Andrés”, palavras ofensivas dos bons costumes, ora porque eles querem o brinquedo x ou y, ora porque já se sujaram todos com os restos de gelado ou de outras guloseimas, total e completamente alheios aos problemas que, por via da sua presença nos corredores com ar condicionado do espaço comercial, provocam na saúde dos filhos e na saúde económica dos pequenos comerciantes de onde deixaram de “gastar”.
E enquanto isso, vamos vivendo alegremente, com ministros a inaugurar espaços destes e a população a exultar de alegria.


José Magalhães