11/10/2008

Fernão de Magalhães não merecia tamanha trapalhada

Mário Russo



O governo José Sócrates tem apregoado o investimento na educação e na ciência como estratégico, o que lhe fica muito bem. Faz propaganda do plano tecnológico e diz que é uma forma de dotar o país de estruturas de competitividade internacional baseada nas novas tecnologias. O que é muito saudável.

Recentemente tem se dedicado a “vender” o Magalhães, um mini -computador para as crianças das escolas, o que é louvável e trará benefícios no futuro, estou certo. É uma parceria com a Intel e com a Microsoft, com alguns componentes portugueses e aqui montado, que já mereceu a atenção de Hugo Chávez, para cujo país será exportado uma quantidade apreciável. Bom para a economia nacional.

Até aqui tudo bem. No entanto, notícias de ontem dão conta que o ministério da educação está a mandar a factura dos modems e da conta de internet para as Câmaras Municipais pagarem.

Depois da propaganda do que o governo faz pela educação não fica bem, nem é sério oferecer uma festa e mandar a factura para o vizinho pagar. Mas como este governo não gosta de errar só uma vez, veio o desastrado ministro Santos Silva emendar o erro com um ainda pior, alegando que os pais dos alunos pagariam a factura, mas engasgando-se quando instado a responder o que fariam os pais que não pudessem pagar. Disse que seriam apoiados pelo Estado.

Além de ser imoral oferecer uma coisa e depois cobrar, revelando falta de carácter deste governo “inculto e naif”, o sr. Santos Silva não sabe que o ensino básico e secundário é GRATUITO e, como tal, não pode ser cobrado aos alunos (seus pais, é claro) nenhum valor? Por dois motivos: se é obrigatório, tem de ser gratuito. Se for opcional, não é obrigatório comprar. Isto é que é paixão pela educação?

Fernão de Magalhães, herói português da circum-navegação, fez este feito a serviço da coroa espanhola, bem que dispensava esta segunda desfeita da “coroa” portuguesa ao ficar associado a uma fraude grosseira e uma demonstração de falta de estatura moral que começa a ser já um hábito neste PS.

Numa palavra: lamentável associar-se um episódio de manifesta vigarice à educação. Magalhães merecia que o seu nome percorresse o mundo no século XXI, nas mãos de crianças de vários países. Só não merecia ser enxovalhado.