11/07/2008

Questionar a viabilidade de Portugal ?


Joaquim Jorge




Portugal não é Espanha desde a união das duas coroas entre 1581 e 1640 , falar em Espanha é o mesmo que dizer Galiza , Catalunha , Estremadura , Astúrias , País Basco , Canárias , Andaluzia, etc. , todas elas entidades possuidoras de identidade própria com um projecto comum.
Portugal também não é mais o Brasil do séc. XVIII e XIX ou a África Portuguesa do séc.XX , nem a Ásia personificada em Macau ou a Oceânia de Timor-Leste.
Todavia Portugal conserva uma característica comum que é a sua capacidade de actuar enquanto nó de redes de pessoas ( os portugueses presentes no Mundo) , de empresas ( internacionalizadas em muitos continentes) e instituições internacionais . Portugal partilha várias redes de poder e identidade que vão da NATO à UE , dos países lusófonos de África ao Brasil e Oceânia , aos estados vizinhos Espanha e Marrocos , tendo laços históricos de alianças político-militares com a Grã - Bretanha e os Estados Unidos.
Contudo Portugal tem um defeito desde há muito tempo : é a busca de modelos de desenvolvimento ou modelos de gestão , no exterior e a sua aplicação directa numa realidade diferente daquela para onde foram originalmente pensadas . Estou a pensar na Finlândia e Irlanda. Depois precisa de adaptar a sua democracia à evolução da sociedade e ao mesmo tempo encontrar um lugar nos novos modelos económicos de uma sociedade à escala global. Portugal vive politicamente que a solução é a diminuição do papel do Estado . Será este o caminho ? O governo quer fazer grandes obras públicas . Manuela Ferreira Leite diz que não temos dinheiro nem capacidade para as fazer . Em que é que ficamos ? Quem tem razão ou fala verdade ? Para o comum dos cidadãos é falar para o boneco e serve de troça e gozo.
É por estas e por outras que eu não me importaria que Portugal fosse uma região autónoma da Península Ibérica , usufruindo de infra-estruturas e qualidade de vida inimaginável em Portugal. Não sei mas às vezes questiono a viabilidade deste país bipolar em que cada um dos políticos fala para o seu quartel e seus corregilionários ( partido ) , mais parecendo tropa . Todavia a tropa , isto é, o serviço militar , já não é obrigatório. Quero dizer que que se estes senhores não dão conta do recado, andando sempre, a dizer uma coisa e a fazer outra ,assim como, conforme estão na oposição ou no governo o seu discurso muda . Não é correcto e é lamentável . Temos que mudar este vil estado de fazer política , ser , estar e actuar. Os portugueses ficam sempre na dúvida e não entendem. Será que temos de mudar de país ou de políticos ?
Uma pessoa minha amiga dizia-me « adoro este país mas é muito mal frequentado » , eu concordo.