Mário Russo
António Lobo Antunes recebeu o Prémio Camões das mãos dos Presidentes da Republica de Portugal e do Brasil, vestido como um rapaz de 18 anos que vai para um concerto de rock em Woodstock para ver Jimy Hendrix. Quem não faz o que deveria fazer aos 18 anos e tenta fazer depois dos 50 anos, corre o risco de perpetrar uma farsa.
Quanta diferença para a elegância e estatura de um Saramago quando orgulhosamente recebeu o seu Nobel em Estocolmo, enchendo de brio os portugueses (pelo menos a mim).
Não gosto de Lobo Antunes, que fique claro. É um escritor medíocre, com um texto que roça a boçalidade, que em 10 palavras 3 são asneirolas de reles calão, mas é escrito por um médico psiquiatra, bajulado por uma imprensa medíocre e de cócoras, e por críticos incapazes que se deleitam com tamanha verborreia estéril.
Saramago é profundo e denso. Faz pensar e não precisa de utilizar uma linguagem de carroceiro, utilizada em estaleiros da construção civil, como faz António Antunes.
Se os seus escritos fossem editados por QUIM BARREIROS ninguém ligava, nem comprava, apesar de utilizarem a mesma linguagem e com o mesmo nível. Aliás, julgo mesmo que António Lobo Antunes é o Quim Barreiros dos escritores portugueses.
Certamente é meu defeito, tal como é gostar de Garcia Marquez, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Saramago, Mário Cláudio, Pepetela, Milan Kundera, Carlos Fuentes, Vargas Llosa, Torga, Jorge de Sena, Simone de Beauvoir, Agostinho da Silva, Jorge Luis Borges, Eça, Garret, Namora, Kierkegaard, Edgar Morin, e tantos outros.
Mas, ainda assim, admitindo que lhe tenham dedicado o prémio, porque há gente com gosto para tudo, é lamentável a falta de respeito e sobranceria com que o senhor foi receber um prémio que deveria ser honrado por quem o recebe, porque é a exaltação da nossa pátria, a nossa língua. Envergonhou-me.
Já não basta o prémio ter sido mal entregue, só possível porque falta um garoto que diga “que o Rei vai nu”, e ainda temos de assistir à falta de estatura e de nível do dr. Antunes. Simplesmente lamentável e um péssimo exemplo. Ainda assistirei à premiação do “Emplastro” um dia destes, quem sabe com o prémio Camões.
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