11/07/2008

As tradicionais e rançosas receitas monetaristas





Mário Russo


O petróleo bate recordes de preço e os alimentos seguem o mesmo caminho. Em resposta o Banco Central Europeu sobe as taxas de juro, cuja consequência é o freio na economia e o desespero das famílias com empréstimos hipotecários, mas abençoada pelos “sábios” que a justificam como medida de contenção da inflação.

O povo? Que se lixe.

Quando oiço estes sábios da economia a justificar velhas e anquilosadas soluções, cheias de ranço, questiono-me sobre a sua real valia e se não existem ideias mais frescas nessas cabeças pensantes.

São sempre as mesmas medidas, para os mesmos destinatários e com os resultados conhecidos: arrocho salarial, esmagamento dos rendimentos das famílias e fome em milhões de seres humanos por esse mundo fora. Do outro lado, a bolsa dos magnatas bem cheia à custa desta miséria.

Porque hei-de confiar nessa gente, que afinal é a causadora de todo este mal? Então não foi essa gente “sábia” que delineou as políticas económicas, nacional e internacionalmente, com os péssimos resultados que se conhecem?
Alguém perdoaria a um engenheiro que se enganasse tanto? Seria o equivalente a caírem todos os dias os prédios, pontes, barragens, aviões, etc.

Se a economia está a entrar perigosamente em recessão aumenta-se os juros para tornar tudo ainda mais caro? Será que a carestia de vida, resultante do aumento dos preços da energia, não é suficiente para refrear a inflação? Porque piorar ainda mais tudo?
Será que querem testar um novo sub-prime na Europa, para ver quando é que as famílias vão deixar de honrar os seus compromissos bancários?

O que acho verdadeiramente surrealista é a dita independência do BCE, cuja missão é apenas controlar a inflação, lançando mão do seu poder discricionário. Porque não tem o BCE uma missão complementar: garantir crescimento económico e redução do desemprego?

Fará sentido espartilhar a política económica? Acho que não. Deu certo até há pouco, porque as economias estavam em crescimento. A complexidade actual exige uma nova visão e novas receitas, mais frescas. Porque é que teremos de andar todos a ler pela mesma cartilha sebosa, escrita por aqueles que no mês seguinte vêm justificar o seu erro do mês anterior? Será masoquismo confiar nessa gente ou uma praga?

engenheiro e permanente no blogue